ISSN 2359-5191

02/06/2011 - Ano: 44 - Edição Nº: 39 - Ciência e Tecnologia - Instituto de Física
Palestra discute possível acordo entre Brasil e organização astronômica européia

São Paulo (AUN - USP) - No dia 26 de março, o Instituto de Física da USP (IF) abrigou a palestra da professora Beatriz Leonor Silveira Barbuy, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP (IAG). A palestra, intitulada Grandes Telescópios da Década e Ciência Pretendida, teve como objetivo explicar aos presentes as perspectivas dos estudos em astronomia para o Brasil no contexto da construção de telescópios gigantes.

A professora explicou que atualmente três telescópios gigantes estão em construção ao redor do mundo: dois no Chile e um no Havaí (EUA). Desses, o que mais importa à comunidade científica brasileira é o E-ELT, de propriedade da Organização Européia para Pesquisa Astronômica no Hemisfério Sul (ESO), que é o maior deles, com 42 metros de altura e custo estimado em €$ 1 bilhão. Isso porque o Brasil está em vias de se associar à ESO. “Se não nos movimentássemos rapidamente ficaríamos de fora”, afirmou.

A seguir Beatriz apresentou dados sobre a comunidade astronômica brasileira, datados de maio de 2011: são 300 astrônomos contratados, 55 pós-doutores e 285 pós-graduandos. Além disso, há 45 membros da Sociedade Astronômica Brasileira (SAB) no exterior. O número de instituições abrigadas no Brasil é 60 e cresceu muito nos últimos anos. Ainda de acordo com dados apresentados pela palestrante, a comunidade astronômica brasileira vê bem a entrada do país na organização: 75% aceitaram a entrada, 7% foram contra e 18% se abstiveram (em sua maioria teóricos).

Fazendo uma breve comparação com Portugal, a professora citou que após a entrada do país ibérico na ESO o número de astrônomos no país foi multiplicado por dez. Voltando ao assunto da negociação entre Brasil e ESO, Beatriz comentou sobre os gastos que ela implicaria. Entre os anos de 2011 e 2020 deveremos pagar uma anuidade, que crescerá proporcionalmente ao PIB. No total serão gastos aproximadamente €$ 141,32 milhões com todas as anuidades. Fora isso, deverá ser paga uma taxa de entrada na ESO e de membro co-dono do E-ELT no valor de €$ 115,00 milhões.

Para justificar os grandes gastos envolvidos na negociação a professora apresentou dados comparativos. Atualmente, o Brasil aluga os telescópios Gemini e Soar para desenvolver seus estudos. O gasto com esses aluguéis é de US$ 15.868 por hora de observação. A partir do ano que vem esse valor será reajustado para aproximadamente 31 mil. Com o uso do E-ELT implicado na entrada da ESO nosso gasto seria de aproximadamente US$ 33 mil por hora de observação, com os benefícios do uso de uma instrumentação muito melhor. Isso se forem mantidos os 10% de tempo de uso previstos no acordo de entrada.

Além disso, nossa associação à ESO nos permitiria acesso ao Alma (Atacama Large Millimeter/submillimeter Array), telescópio revolucionário que terá uso dividido entre ESO, EUA e Japão e tem plena operação prevista para 2013. Um de seus grandes recursos é a sua resolução, até dez vezes melhor que a do telescópio Hubble. Sua utilização será focada na observação da poeira estelar do começo do universo, provinda das primeiras supernovas. Para o Brasil o Alma dará um forte impulso para a nossa radioastronomia, que, de acordo com a professora, “ficou parada por muitos anos”.

Quanto à utilização do E-ELT, Beatriz destacou três pontos: a observação de planetas em outros sistemas estelares, o estudo da cosmologia e a possível descoberta de novos parâmetros na astrologia. O E-ELT tem inauguração prevista para 2021.

Como considerações finais, a palestrante destacou o fato de a ESO ser uma “organização espetacular”, a cláusula no contrato que diz que 75% dos nossos custos voltarão para a indústria ou para os observatórios brasileiros, a mentalidade inclusiva da organização e a possibilidade de mudança de patamar na astronomia brasileira.

Por fim, explicou que a aprovação da associação entre Brasil e ESO ainda deve passar pelo Itamaraty e Congresso Nacional.

Para os mais interessados no próximo dia 2 de junho às 16 horas haverá outra palestra no Instituto de Física da USP, no auditório Abrahão de Moraes com o tema: “O acordo com observatório europeu ESO é bom para o Brasil?”. O IF fica na rua do Matão, travessa R, nº187, Cidade Universitária, São Paulo, SP.

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