São Paulo (AUN - USP) - O professor Thomas Ferenci, da Universidade de Sydney, foi convidado para um seminário especial no Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP, realizado no dia 10 de maio, para falar sobre seus experimentos com evolução de populações de bactérias.
O principal assunto foi a capacidade de adaptação e diversificação de bactérias, que já são reconhecidas como organismos bem sucedidos quando se trata de sobrevivência em meios adversos. O que os experimentos do professor mostram, no entanto, é que as soluções encontradas pelas bactérias são muito mais diversas do que se pensava.
Esse estudo está sendo desenvolvido com colaborações de pesquisadores de outros países, entre eles China, Estados Unidos, Inglaterra, França e Brasil. De acordo com Ferenci, por questões práticas, é impossível realizá-lo apenas em Sydney. “É necessário uma gama de técnicas de análise à disposição que quase nenhum laboratório sozinho pode alcançar. Talvez em algum lugar nos Estados Unidos, mas, geralmente, isso não é possível.”
Segundo o pesquisador, as bactérias são submetidas a diferentes ambientes artificialmente criados por meio de quimiostatos, uma espécie de biorreator, ao qual um meio de cultura fresco é continuamente adicionado, enquanto o líquido já presente no recipiente é removido para manter o volume de constante. Dessa forma, a taxa de crescimento dos microorganismos é facilmente controlada.
Uma das soluções esperadas era a otimização do sistema de transporte das bactérias, mas essa não foi a única modificação constatada. As bactérias apresentaram uma diversidade genotípica (nos próprios genes) e fenotípica (características distintas controladas por genes iguais) significativa, indicando várias estratégias de sobrevivência. Um exemplo é a produção de enzimas que garantem o funcionamento de proteínas responsáveis pela replicação do DNA. Sem essas proteínas, o DNA se romperia, causando a morte da bactéria.
O estudo pode ajudar a entender melhor o mecanismo de mutação e adaptação para a contenção de doenças causadas por bactérias. “As mutações são diversas e muito rápidas, o que faz com que as bactérias criem resistência a antibióticos, por exemplo. Sabendo como o processo fundamental que permite essa mutação tão rápida funciona, talvez seja possível bloqueá-lo.”