São Paulo (AUN - USP) - Atualmente encontram-se disponíveis na internet milhares de serviços web, ou seja, programas desenvolvidos especificamente para realizar tarefas online, comerciais ou não. “Tudo que a sociedade faz, no futuro, vai ter um serviço web correspondente”, prevê Fabio Kon, um dos pesquisadores por trás do Choreos (Coreografia de Serviços Web para a Internet do Futuro), iniciativa científica da União Europeia que envolve 16 instituições, sendo a USP a única não-europeia.
Por meio desses programas é possível reservar livros em bibliotecas, mesas em restaurantes, encontrar a passagem aérea mais barata e até mesmo fazer o check-in sem ter que pegar fila. A questão é que, hoje, existem muitos serviços web diferentes para realizar tarefas do dia-a-dia, e a tendência é que esse número cresça cada vez mais. Antecipando esse cenário, o projeto Choreos estuda como coordenar essa diversidade de serviços web para que eles interajam entre si e, agindo juntos, facilitem ainda mais a vida do usuário.
Uma das frentes de pesquisa, por exemplo, busca maneiras de tornar os aeroportos um ambiente mais amigável a seus usuários a partir de uma articulação inteligente dos diversos serviços web disponíveis. Seria possível, por exemplo, que assim que o passageiro entrasse no aeroporto seu celular realizasse o check-in automaticamente, sem necessidade de acessar sites específicos ou digitar URLs extensas. Uma vez feito o check-in, o usuário seria informado de qual o tempo médio gasto na imigração de acordo com dados enviados em tempo real baseados no movimento de passageiros naquele dia e hora específicos. A partir dessa informação o programa questionaria a pessoa sobre suas necessidades e vontades no tempo livre: fome, banheiro, revistas? Sanitários e bancas de jornal mais próximos seriam listados, assim como restaurantes e lanchonetes. Não só a reserva de mesa como também o pedido seriam feitos pelo próprio aparelho celular – tudo com tempo calculado para que não se perca o vôo.
As demais frentes de pesquisa envolvem, entre outros, uma rede inteligente de táxi para as grandes cidades ou o chamado “Jornalismo de Cidadão”, cuja função é categorizar informações, fotos e vídeos enviados pelas pessoas e organizar esses dados, em tempo real, em um ambiente jornalístico.
“Há uns 20 anos era quase ficção científica, mas de alguns anos para cá começamos a enxergar a tecnologia que permite esse tipo de operação”, explica Fábio, fazendo referência à efervescência tecnológica das últimas décadas. Aliás, o termo “internet do futuro”, que dá nome ao projeto, refere-se exatamente aos novos aparelhos celulares e demais dispositivos portáteis com acesso a rede.
O projeto teve início em outubro de 2010 e, mesmo em fase inicial, já é um dos grandes investimentos da Comissão Europeia, parte da UE que representa os interesses do bloco e que destina ao projeto aproximadamente €$ 8,5 milhões. No Brasil a representação se dá através do Instituto de Matemática e Estatística da USP e de seus pesquisadores e alunos. Daqui, são ao todo quatro professores – Fabio Kon, Marco Gerosa, Alfredo Goldman e Daniel Batista – e mais 20 alunos envolvidos, entre graduandos e pós-graduandos. “É uma oportunidade de interagir com os renomados institutos de pesquisa da Europa e também com empresas que estão desenvolvendo tecnologia de ponta”, diz Fabio. “Diariamente nossos alunos trocam e-mails com os pesquisadores da Europa e de tempos em tempos vão para lá”.