São Paulo (AUN - USP) - O Lapat (Laboratório de Análise dos Processos Atmosféricos) é um projeto do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP que realiza medições da qualidade do ar em São Paulo. Ele recentemente teve um caminhão com equipamentos de medição e análise em um túnel de São Paulo e seus equipamentos foram utilizados na série de reportagens do telejornal SPTV, da Rede Globo de Televisão, chamada “Respirar”.
A coordenadora do projeto, Maria de Fátima Andrade, disse que o objetivo do Laboratório é conhecer tão bem as condições do clima e da poluição que se torne possível fazer um modelo de previsão da qualidade do ar. “A idéia é tentar entender como são formados os poluentes na atmosfera. Os processos que fazem com que se formem esses poluentes e como eles depois interagem com o clima”.
O projeto atua em várias frentes. Uma análise meteorológica é feita antes de tudo porque as condições atmosféricas de cada local atuam no sentido de trazer mais ou menos concentração de poluentes. Por exemplo, em São Paulo como os invernos são secos, há menos dispersão das partículas poluentes pela chuva. Isso associado ao fenômeno do resfriamento noturno em que as camadas de ar se invertem deixando a maior parte da poluição estagnada sobre a cidade faz com que os invernos sejam temidos por todas as pessoas que sofrem de rinite e outras doenças respiratórias.
Isso enfatiza o caráter interdisciplinar da pesquisa conduzida no Laboratório. Os dados coletados pelo Lapat são enviados para instituições de saúde, para que se possam analisar os impactos daquelas condições na população, quantos serão afetados, quais são os grupos de risco, entre outros fatores.
Nessas épocas de inverno, nas quais a incidência de doenças causadas pela poluição é maior, a divulgação de pesquisas como as que são realizadas no laboratório também cresce. “Essa área de estudo da poluição interessa muito ao pessoal da saúde, então quem é da medicina fala muito e acaba preenchendo essa função de divulgação, vários dos nossos projetos são unidos com a medicina, nesse caráter experimental, e da modelagem. E na maior parte das vezes o repórter liga querendo saber qual é o efeito na saúde”.
Nas últimas semanas o SPTV vem realizando uma série de reportagens a respeito da qualidade do ar em São Paulo. Vários dos equipamentos usados nessas reportagens partiram do Lapat, como aqueles que monitoram os elementos particulados na atmosfera. A professora Maria de Fátima acha proveitosa essa iniciativa de conscientizar a população a respeito das condições do ar onde elas vivem. Lamenta, apenas, a pouca divulgação do Laboratório nas reportagens.
No momento as pessoas ligadas ao projeto tem estudado eventos relacionados à formação do ozônio e de material particulado. “Quando você tem muitas partículas na atmosfera, elas interagem com a radiação solar e nessa interação com a radiação, você tem, por exemplo, a questão de diminuição da visibilidade”.
O projeto conta com patrocínio da CNPq e da Fapesp, além de ter parceria com a Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) e com vários institutos da USP, como a Faculdade de Medicina, e os Institutos de Química e Física. “Existe essa integração porque cada um tem um determinado interesse, ou quer estudar um composto isoladamente. Então o Lapat acaba sendo um laboratório multiusuário. Esse tipo de tema é muito interdisciplinar. Ele tem várias abordagens diferentes, técnicas diferentes de análise. No entanto, cada um é responsável pela sua análise e pelos seus resultados. O que se compartilha é o conhecimento”.