ISSN 2359-5191

08/06/2011 - Ano: 44 - Edição Nº: 43 - Economia e Política - Escola de Educação Física e Esporte
Futebol: paixão e crises nacionais
Professor da EEFE analisa situação do esporte

São Paulo (AUN - USP) - Daqui a menos de quatro anos, o futebol deixa de ser apenas paixão nacional e se torna centro de um dos maiores eventos esportivos já sediados pelo Brasil. A Copa do Mundo de 2014 altera os ânimos da maioria dos brasileiros, anima os torcedores e preocupa pela atual falta de infraestrutura do país.

“Nós estamos vivendo um faz de conta. Há muito tempo sabemos que vamos sediar a Copa e deixamos tudo para última hora”, critica José Alberto Cortez, professor da Escola da Educação Física e Esporte da USP (EEFE) especializado em futebol. Segundo o docente, a displicência conferida às medidas necessárias para a realização do evento se deve à confusão de prioridades do Estado. “Atrasam-se as obras e se aumenta a possibilidade de desvio de verbas”, complementa Cortez. Mas, continua, “ainda tem o lado positivo: visibilidade e investimento”.

Com Copa do Mundo ou não, o futebol ocupa posição privilegiada no cenário esportivo do país, não sendo apenas um esporte, mas também um aspecto cultural comum aos brasileiros. “O jogo não acaba ali no estádio. Tem o lado do futebol paixão, jogar com os amigos, socialização, reencontrar pessoas”, afirma o professor. De acordo com o Cortez, o sucesso conferido ao futebol se deve, principalmente, por ser “o esporte mais fácil de ser praticado, basta um espaço vazio, algumas pessoas e uma bola qualquer”.

Além das “peladas”
“O futebol, em si, está numa fase de transição. Os clubes brasileiros estão conseguindo valorizar sua marca como queriam”, analisa o professor. Segundo Cortez, os times daqui estão finalmente conseguindo lidar com o enorme mercado que é o esporte. “Ainda falta aquela visão mais profissional da gestão do futebol, mas estamos evoluindo”, complementa.

Outra mudança perceptível é a entrada de acadêmicos nesse ramo. “Antes era muito difícil, para o pessoal da área acadêmica, entrar no futebol. Havia um corporativismo muito grande dos ex-atletas”, explica Cortez. Um dos pontos mais positivos da entrada de estudiosos no futebol é, segundo o professor, o aumento da conciliação (rara em qualquer esporte de alto nível) entre resultados favoráveis e qualidade de vida dos atletas.

Apesar da enorme aceitabilidade do esporte no país, ainda há uma lacuna quando se trata do futebol feminino. “Aqui há uma idéia machista do futebol”, critica Cortez. Faltam, de acordo com ele, medidas até da própria Confederação Brasileira de Futebol (CBF) de incentivo à prática desse esporte pelas mulheres. Cortez conta, inclusive, que “o São Paulo tentou montar um time feminino, mas desistiu por inúmeras razões”. O cenário está melhorando, as mulheres se envolvem mais com o futebol, mas, para muitos, infelizmente, “ainda não é normal ver menina jogando”, afirma o professor.

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