São Paulo (AUN - USP) - “Será que os atletas pensam sobre a qualidade de vida que tem e conseguem identificar quais aspectos são importantes em sua vida e quão satisfeitos estão com esses aspectos?”, indaga a professora Ana Lúcia Padrão, da Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo (EEFE/USP). Ana Lúcia é a docente responsável pela pesquisa Qualidade de vida de atletas amadores, semiprofissionais e profissionais. O estudo recebe apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), e como o próprio nome já explicita, tem o objetivo de mapear a qualidade de vida dos atletas brasileiros.
O estudo engloba atletas de várias modalidades da Grande São Paulo com mais de 18 anos. “Queremos que inicialmente seja abrangente mesmo, para, depois, conseguirmos escolher pontos específicos e aprofundá-los”, explica a professora.
Os colaboradores devem responder a uma série de perguntas que envolvem qualidade de vida em diferentes aspectos. Mais precisamente, a pesquisa é dividida em quatro domínios gerais, que são socioeconômico, saúde e funcionamento, familiar e psicológico espiritual.
“Você é exposto a inúmeras informações que prometem a melhoria da qualidade de vida das mais variadas formas, como pelo consumo de determinado alimento, a compra de um novo imóvel ou mesmo a aquisição de um novo veículo.” relata Ana Lúcia. Segundo a professora, o senso comum acaba ampliando as significações em torno do termo. “Estudiosos sobre esta temática propõem várias formas de conceituar qualidade de vida. O senso de bem estar e da satisfação ou insatisfação em áreas da vida que são importantes para um indivíduo foi adotado como conceito para qualidade de vida nessa pesquisa”, continua.
Vida de atleta
“A tendência de quem trabalha com esporte é pensar a curto prazo, o que é natural”, comenta Ana Lúcia sobre os diversos casos de atletas que se sacrificam pelos bons resultados. De acordo com a professora, as pessoas envolvidas mais diretamente com competições e com o esporte profissional, acabam tendo que sacrificar certos aspectos da sua vida no intuito de alcançar seus objetivos.
Dentro desse panorama, a pesquisa aparece como um possível meio de ajudar o atleta a achar meios de ser profissionais, apresentar alto rendimento e, ao mesmo tempo, não prejudicar outros campos da sua vida particular, desde família até saúde física e mental. “Pensando em um futuro próximo, podemos até pensar em soluções práticas, com base nos resultados, para nossas equipes nas Olimpíadas”, conta a professora. Ana Lúcia ainda complementa: “Muitas vezes as experiências vividas pelos atletas são conhecidas apenas no ambiente onde ocorrem e não se transformam em informações que podem promover avanços na qualidade de vida. A pesquisa tem o intuito de adotar procedimentos científicos que possam resultar em informações suficientes para que tais mudanças ocorram”.
Ainda em fase de coleta de dados, a previsão é de que a pesquisa seja encerrada no primeiro semestre de 2012, quando começará a produção de artigos sobre os estudos. “A idéia é apresentar os resultados aos técnicos e gestores, para juntos podermos aliar teoria e prática. Promoveríamos novos avanços nos estudos e procedimentos no que se refere à qualidade de vida dos atletas, o que seria benéfico para todos”, explica Ana Lúcia.