São Paulo (AUN - USP) - Um trabalho pioneiro liderado pelo professor da Faculdade de Odontologia (FO) da USP, Marcelo Cavalcanti, introduziu no Brasil uma nova tecnologia de computação gráfica para a análise de diagnósticos em pacientes afetados por anormalidades maxilo-faciais, em especial as neoplasias.
Com o auxílio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), Cavalcanti, também professor da Universidade de Iowa, trouxe dos Estados Unidos o programa Vítrea®, que permite a reconstrução em terceira dimensão (3D) de exames como tomografias computadorizadas e ressonâncias magnéticas. Esse procedimento é comum em várias áreas da Medicina, mas é algo inovador no auxílio ao tratamento odontológico. Por enquanto, apenas pacientes do Hospital do Câncer afetados por um tipo raro de câncer facial (hemangiomas) serão beneficiados pela tecnologia. Essa doença atinge principalmente a mandíbula, a maxila e os ossos nasais. Seus sintomas mais comuns são assimetrias faciais e inchaços indolores nestas regiões.
Marcelo Cavalcanti explica que o programa sobrepõe imagens em duas dimensões de diversos protocolos e as reconstrói em formato tridimensional e volumétrico. O exame é único e tem alta qualidade multiplanar. As imagens tridimensionais de alta resolução giram em três planos através de mecanismos de rotação e translação, o que permite a escolha de ângulos de visualização diferenciados a partir de pontos anatômicos relevantes. Deste modo, a lesão pode ser diagnosticada quanto ao seu tamanho, natureza e seus componentes vasculares, com riqueza de detalhes, beneficiando tanto o tratamento cirúrgico pré-operatório quanto o controle pós-operatório destes pacientes.
A nova tecnologia surge como uma complementação aos exames odontológicos tradicionais (radiografias, tomografias e ressonâncias) que, em muitos casos, não permitem verificar o comprometimento de tecidos moles e o grau de vascularização destas lesões cancerígenas. Assim, a reconstrução em 3D busca preencher esta lacuna no tratamento do câncer no Brasil.