ISSN 2359-5191

17/09/2003 - Ano: 36 - Edição Nº: 16 - Saúde - Faculdade de Saúde Pública
Tecnologia a serviço do deficiente é tema de seminário

São Paulo (AUN - USP) - Um mouse ativado pelos movimentos da cabeça; um teclado virtual acionado por voz. Não, não se trata de mais uma feira de parafernálias tecnológicas ou de ficção científica. Os projetos acima são reais e fazem parte do Seminário Acessibilidade, Tecnologia da Informação e Inclusão Digital (Atiid), que a Faculdade de Saúde Pública da USP (FSP) realiza, de 23 a 25 de setembro, em parceria com o SESC. Os aparelhos são, na verdade, soluções técnicas desenvolvidas para melhorar o acesso de deficientes à tecnologia.

O mouse-câmera e o teclado virtual foram desenvolvidos por uma equipe do Laboratório de Engenharia de Reabilitação da PUC-PR, coordenado pelo professor Percy Nohama. Segundo o professor, depois de concluídos os testes de usabilidade, a equipe deve liberar o uso da tecnologia para aqueles que quiserem aprimorá-la. “Desta forma, pessoas com necessidades especiais poderão usufruir de mais um dispositivo de acesso ao computador, hoje uma ferramenta a serviço da comunicação”, afirma. Para a equipe da professora Annie France, da Universidade de Mogi das Cruzes (UMC), que também apresenta projetos no Atiid, o importante é fazer valer a palavra acessibilidade, levada a cabo inclusive no custo dos aparelhos desenvolvidos. Vêm da UMC projetos de periféricos de baixo custo, que integram equipamentos já existentes para facilitar o seu uso.

Mas não é só de técnica que vive o Atiid. O evento pretende divulgar também pesquisas científicas, experiências bem-sucedidas e políticas públicas voltadas à inclusão de pessoas com incapacidades na chamada sociedade da informação. “Com a crescente utilização da tecnologia em nosso cotidiano, nós, como cidadãos, temos que nos mobilizar para atender às demandas específicas, de forma que os recursos tecnológicos disponíveis não se tornem fator de exclusão", declara a professora Ana Isabel Paraguay, da FSP, coordenadora do evento.

Nas áreas política e educacional, estão projetos da Prefeitura Municipal de São Paulo, da Universidade Politécnica da Catalunha, na Espanha, da própria USP, entre outros. Para Ana Isabel, no entanto, a legislação e as pesquisas em acessibilidade estão em um estágio muito mais avançado do que a prática. "Falta vontade política e mobilização social para reivindicar o atendimento às normas técnicas", diz a professora. O papel do evento, portanto, é o de colocar em contato experiências bem-sucedidas e promover o debate sobre a questão. A idéia é que os trabalhos apresentados sejam reunidos, divulgados e distribuídos para bibliotecas públicas e de universidades, ONGs e órgãos públicos de todo o país.

O Atiid 2003 contará com apresentações orais, exposição de pôsteres, oficinas e mostra de produtos acessíveis e soluções técnicas. O respeito à liberdade de acesso está presente até na sede do evento, o SESC Vila Mariana, prédio premiado e conhecido por atender aos requisitos de acessibilidade a edificações. O programa completo do evento e outras informações podem ser obtidas no site http://www.fsp.usp.br/acessibilidade.

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