São Paulo (AUN - USP) - O que lhe vem à cabeça quando você ouve falar em energia nuclear? Provavelmente, a primeira coisa que a maioria das pessoas pensa é em armas nucleares e em usinas de produção de energia que podem trazer sérios danos ao meio ambiente. Para desmistificar o preconceito junto a educadores, o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) realizará, de 15 a 18 de outubro, o curso “Energia Nuclear para professores do Ensino Médio e Fundamental”.

Segundo Roberto Vicente, um dos organizadores e professores do curso, o Ipen há tempos desenvolve atividades junto a alunos dos Ensinos Médio e Fundamental. Quando alguma escola solicita ao instituto, são enviados pesquisadores para realizar palestras sobre temas pertinentes à energia nuclear. Também há atendimento a estudantes que precisam fazer alguma pesquisa na área. “O que a gente percebe quando o aluno procura a gente é que o professor que propôs o tema não conhece [o suficiente sobre o assunto]”, diz Roberto. Para ele, professores são formadores de opinião, mas, como a maioria das pessoas, possuem uma imagem distorcida da energia nuclear, sobretudo, devido a informações erradas divulgadas pela mídia. Daí a necessidade de um curso dessa espécie.

Vicente ainda afirma que a iniciativa será uma espécie de piloto, um modelo para programas de extensão futuros, inclusive à distância. No programa estão temas como introdução sobre radiações, radioatividade, efeitos biológicos das radiações e aplicações da tecnologia nuclear. Este último, sobretudo, pretende dar noção mais clara sobre abrangência e importância de aplicações nucleares na saúde. Pretende-se, assim, abordar a questão sob o viés de diversas áreas do conhecimento.

Os professores que se inscreverem receberão uma apostila com os conteúdos abordados e contarão com uma área de apoio na internet. Ao longo dos quatro dias de atividades, serão realizados debates com temas escolhidos pelos alunos, seminários e visita a algumas instalações do instituto, como o reator nuclear e a linha de produção de radiofármacos. É estudada a realização, ao final do curso, de uma avaliação com os participantes, para verificar se eles mudaram sua percepção original sobre energia nuclear.

Feira-livre
De acordo com Vicente, um exemplo da interdisciplinaridade pretendida estaria no campo da ética. Discute-se muito o quê fazer com o lixo atômico. Temos o direito de deixar para nossos descendentes os problemas decorrentes da satisfação de nossas necessidades? Ele diz que o dilema não se restringe apenas no que se refere a dejetos nucleares, mas está presente também, por exemplo, no que se refere ao lixo doméstico. A decisão de uma prefeitura instalar um depósito de lixo em determinado bairro provocaria reações por parte dos moradores próximos à área escolhida, que poderiam colocar-se contra a decisão. “No caso da energia nuclear, por causa do medo e do risco, isso [a questão dos dejetos] se torna uma coisa muito mais preocupante”. É a lógica da feira-livre: todo mundo gosta de ter uma próxima de casa, desde que não seja em sua rua.

As inscrições estão abertas até o dia 3 de outubro. São oferecidas 60 vagas e as aulas serão das 8 às 17 horas. Deve-se enviar a ficha de inscrição preenchida (disponível no site http://www.ipen.br/ensino/extensao/AE/enuclearinsc.htm), uma cópia do Curriculum Vitae, junto com uma xerox do documento de identidade e do CPF e o comprovante de pagamento de matrícula, para o e-mail extensao@ipen.br ou para o fax (11) 3816-9086. O depósito, no valor de R$ 50, deve ser feito na conta do Instituto Uniemp (Cnpj 66.052.028/0001-80, cc 2727300-5, Agência 0831 - Banco Real). Maiores informações podem ser obtidas no telefone (11) 3819 4906 ou no site http://www.ipen.br/ensino/extensao/AE/enuclear.htm.