ISSN 2359-5191

20/06/2011 - Ano: 44 - Edição Nº: 51 - Ciência e Tecnologia - Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas
Corot descobre 10 planetas fora do Sistema Solar

São Paulo (AUN - USP) - Os pesquisadores do satélite franco-europeu-brasileiro Corot anunciaram nesta terça feira, 14 de junho, a descoberta de dez planetas exosolares (que estão fora do Sistema Solar). A missão espacial já havia descoberto outros 15 em seus cinco anos de existência. Grande parte dos resultados se deu devido à ajuda de pesquisadores brasileiros do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP.

O projeto, liderado pela Agência Espacial Francesa (CNES) conseguiu catalogar esses novos planetas com base em características como massa, órbita e densidade. Dos dez, sete são “Júpiteres quentes”, ou seja, são gigantes gasosos com órbitas muito próximas à de suas estrelas.

O Corot usa o método do Trânsito, no qual se monitoram diversas estrelas ao mesmo tempo, e percebe, por alterações no brilho das estrelas (quando um planeta entra na frente de uma estrela e acaba provocando uma alteração no brilho que ela emite), a existência ou não de planetas, luas ou outros objetos em órbita dessa estrela. “Dos mais de 500 planetas descobertos, aproximadamente 140 o foram por essa técnica de passagem na qual há alteração da luz”, comenta o professor Sylvio Ferraz Mello, pesquisador do IAG envolvido na Missão, que ainda ressalta a importância do Corot nesses números, já que 25 desses 140 planetas foram descobertos pelo satélite.

Contudo, somente o tamanho dos objetos pode ser calculado dessa forma. É por isso que estudos nos observatórios em solo terrestre como os realizados pelo IAG são necessários. “É depois que os planetas são achados que os pesquisadores do Instituto são mais necessários”, Explica o professor Mello. Ele conta que a caracterização do planeta - se é rochoso ou gasoso - sua massa e densidade, tudo isso é estudado por meio de medidas tiradas em observatórios aqui na Terra como o ESO do Chile. “O ESO pode medir variações de velocidade da ordem de até 1 metro por segundo na rotação de uma estrela, e é com o cruzamento desses dados com os coletados pelo Corot que conseguimos determinar massa, densidade, órbita e ação dos efeitos de maré nestes planetas”.

O grupo recebe apoio da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento Pessoal de Nível Superior).

Os planetas
Há muitas peculiaridades nos novos planetas. O CoRoT-16b tem uma órbita ao redor de sua estrela (cujas características são próximas às do Sol) de apenas 5,3 dias, ou seja os anos são extremamente curtos. Ainda há um sistema de dois planetas CoRoT-24b e 24c cujos membros possuem aproximadamente o mesmo tamanho de Netuno e o CoRoT-19b, 1,5 vezes maior que Júpiter (maior planeta do Sistema Solar) e cuja densidade é muito menor que a de Saturno (o menos denso do nosso Sistema).

Dentre as contribuições dos brasileiros na missão estão as especialidades do IAG como determinação da massa e efeitos da maré, que produzem mudanças na órbita dos planetas. Um dos maiores desafios para os brasileiros foi a determinação da massa independe dos planetas CoRoT-7b e CoRoT-7c, da qual se descobriu que o primeiro era pouco maior que a Terra, mas possuía 8 vezes a sua massa.

Na parte do estudo das marés houve uma grande descoberta no planeta CoRoT 20b, cuja órbita elíptica está se tornando cada vez mais circular devido à evolução das marés. Ao mesmo tempo sua rotação está se desacelerando, de modo que em mais ou menos um bilhão de anos ela entrará em sincronia com o período orbital. Tudo isso se deve ao fato de ele ser muito grande e denso, ou seja, menos facilmente afetado pelas marés. Ao mesmo tempo há o CoRoT-16b no qual o efeito das marés o fará eventualmente cair em sua estrela.

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