ISSN 2359-5191

20/06/2011 - Ano: 44 - Edição Nº: 51 - Sociedade - Escola de Artes, Ciências e Humanidades
Uma ideia na cabeça e uma câmera na mão

São Paulo (AUN - USP) - Como o brasileiro se relaciona com o cinema? Onde entra o marketing na criação e distribuição de filmes? Qual a importância dos estímulos governamentais à indústria cinematográfica? São essas e outras questões que o professor da Escola Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP, Josmar Andrade, quer responder na sua nova pesquisa.

Ele conta que o marketing está relacionado com todas as dimensões do processo de criação de um filme: desde a produção passando pela distribuição até a exibição. No entanto está especificamente preocupado com essa última parte, a que toca no objetivo último de um filme: seu espectador.

Para ele está havendo uma grande mudança na forma como o povo se relaciona com a produção nacional de cinema. “Os gêneros comumente associados ao sucesso no cinema nacional são a comédia e os filmes que tocam temas absolutamente regionais. Tropa de Elite mudou isso”, explica. Há uma nova qualidade técnica associada ao cinema nacional. Há algumas produções que já usam uma linguagem mais hollywoodiana para se comunicar com o público como é o caso do próprio Tropa, o que está levando um novo público aos filmes nacionais.

Ele ressalta o quanto isso é revolucionário em um país no qual a maior parte da renda de um filme vem do incentivo do governo. “Hoje se faz muito mais filmes com apelo comercial, e que realmente fazem sucesso”. Isso é diferente, ele conta, daquele cinema da época de Glauber Rocha, que era perfeitamente autoral e só existia por conta do auxílio do Estado. “Existia uma grande margem para você experimentar porque era o Estado que bancava o seu filme e o diretor não tinha que prestar contas a ninguém”.

Contudo, o professor Andrade não acha que o cinema brasileiro esteja caminhando na direção de trocar o autoral pelo comercial. “Acho que estamos conseguindo equilibrar bem: ao mesmo tempo em que temos um Chico Xavier trazendo milhões de bilheteria nós temos muitos filmes sendo premiados internacionalmente.” Soma-se a esse processo o fato de estarmos cada vez mais exportando grandes diretores como Walter Salles (Diários de motocicleta), Fernando Meirelles (Ensaio sobre a cegueira) e José Padilha (que dirigirá Robocop após ganhar notoriedade com os dois Tropa de Elite).

Josmar conta que o cinema brasileiro tem um apelo bastante diferente do cinema internacional. “A produção nacional representa melhor a população, são temas mais culturalmente próximos, por isso é importante incentivar.” Ele acha interessante como os filmes brasileiros já passam a competir com os norte-americanos nos nossos cinemas. “Tropa de Elite 2 teve uma bilheteria sem precedentes na nossa história, só pode ser comparado ao sucesso de Dona Flor e seus dois maridos, que tinha todo o apelo da obra do Jorge Amado e da Sônia Braga envolvidos”.

Além da questão do espectador e do seu relacionamento com o cinema nacional, o professor ainda estuda estratégias de promoção, posicionamento, precificação e seleção de canais de exibição.

Sobre os incentivos como os ingressos mais baratos para a nossa produção e as leis de patrocínio governamentais ele fala que apóia. “Tudo o que for feito para popularizar o cinema é bem vindo”.

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