ISSN 2359-5191

21/06/2011 - Ano: 44 - Edição Nº: 52 - Meio Ambiente - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
Presidente da Global Urban Development aponta sustentabilidade e desenvolvimento econômico como um só caminho

São Paulo (AUN - USP) - No dia 3 de junho, a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP (FAU) abrigou a palestra Sustainable Economic Development de Marc Weiss, norte-americano, diretor-executivo e presidente da ONG Global Urban Development.

Weiss começou a apresentação falando sobre a história do desenvolvimento econômico humano, que desde a 1ª Revolução Industrial (final do século 18) é baseado em diretrizes insustentáveis. Apesar da retrospectiva negativa, mostrou uma visão otimista: “Nós podemos nos perdoar pelos danos ao meio ambiente, porque não conhecíamos nenhuma outra maneira de desenvolvimento, mas, agora, já conhecemos”.

A partir daí, estruturou um discurso explicando as vantagens de “ser verde”. Em sua opinião, a humanidade percebe o mal que faz, mas está presa na questão “como mudar?”. Ele dá a resposta: “Usando menos recursos, mais eficientemente, reusando mais”. Os benefícios de maneira geral poderiam ser divididos em quatro: maior prosperidade econômica, melhoria na saúde em geral, maior qualidade de vida e mais paz (não haveria uma disputa entre os povos por recursos naturais).

Nesse sentido, Weiss começou a falar do papel dos EUA. “O American Way of Life é sistema em que mais se desperdiça e não conseguimos arcar com seus custos. Para dar esperanças ao resto do mundo, os EUA precisam provar que podem mudar”. Contudo, disse seu país tem um “problema moral” em “exportar” essa ideia, já que durante muito tempo foram eles um exemplo completamente oposto dessa nova política. Disse ainda que o Brasil poderia tomar a liderança desse movimento, já que não havia sido “corrompido” por inteiro.

Em seguida, Weiss apresentou o projeto de sua ONG, a Global Urban Development (Gud), que tem como objetivos a paz entre as pessoas e entre sociedade e natureza. “Houve uma deturpação e passou-se a acreditar que não há sustentabilidade aliada ao desenvolvimento econômico. Então, criou-se a ideia de que ser sustentável é ser pobre, mas não é bem assim”. O objetivo da Gud é mostrar que aderir a uma política verde é, na verdade, aumentar as possibilidades de desenvolvimento econômico, em resumo, enriquecer.

Para reforçar essa ideia, Weiss deu exemplos de empresas e comunidades que adotaram o verde e obtiveram um retorno financeiro ainda melhor. “Curitiba é um ótimo exemplo de que o desenvolvimento econômico sustentável realmente funciona”, apontou. Citou ainda o estado da Califórnia, nos EUA, como um outro bom exemplo. Durante a crise energética dos anos 1970 que tomava o país, na Califórnia desenvolveu-se o projeto de construção de várias usinas nucleares para suprirem a demanda crescente de energia. Contudo, decidiu-se que, em vez de produzirem mais energia, eles iriam consumir menos. “Foi um choque, muitos acharam aquilo uma ideia idiota e que arruinaria as companhias elétricas”. O resultado: nesse período economizou-se US$ 56 bilhões que foram direcionados para outros gastos no estado. Esse investimento, por sua vez, gerou 1,5 milhões de empregos, que totalizaram mais US$ 45 bilhões de renda. Para que as companhias elétricas não saíssem perdendo, decidiu-se que eles seriam pagas pelos serviços prestados (instalação de fios e terminais, etcetera) e não mais pela energia que elas fornecessem.

O ocorrido na Califórnia (em vez de construírem muito mais usinas, incentivaram o a economia de energia) ilustra bem o grande apelo de Weiss na palestra: é preciso mudar o pensamento de que o verde não é lucrativo. Ele é, na verdade, ainda melhor para os negócios.

Já na cidade de Portland, no estado americano de Oregon, investiu-se em ciclovias e outras políticas voltadas para a diminuição no uso do carro. Isso resultou em uma diminuição de 10% no uso desse meio de transporte e com o dinheiro a mais a população começou a comer mais em restaurantes. Uma particularidade de Portland é que muitos de seus bares produzem sua própria cerveja. O aumento sensível da movimentação nesse tipo de estabelecimento na cidade ajudou no crescimento desses bares e, dessa maneira, o turismo cresceu na cidade.

A cidade de Portland mostra outro aspecto para o qual Weiss chamou atenção: “Toda estratégia deve ser desenvolvida especificamente para o local em que será implantada”. Há parâmetros gerais, mas deve-se concentrar no que é único e faz de um lugar o que ele é.

Para mais informações sobre a Gud, acesse: http://www.globalurban.org/

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