São Paulo (AUN - USP) - Nos dias 31 de maio e primeiro de junho, foi realizado na Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP/USP), o seminário Metrópoles: Política, Planejamento e Gestão em Saúde e Ambiente. Organizado em celebração à Semana de Meio Ambiente de 2011, o evento trouxe ao auditório João Yunes estudiosos das mais diversas áreas para expor novas reflexões sobre o tema.
É desnecessário dizer que, numa cidade como São Paulo – a sétima metrópole mais populosa do mundo, acima até de Nova Iorque, mas que no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) das cidades brasileiras ocupa a 68ª posição – discussões como essas são extremamente relevantes. O panorama político dos dias que antecederam o seminário só contribuiram para torná-lo ainda mais atual.
No dia 27 de maio, foi aprovada no Congresso Nacional a criação da Região Metropolitana de São Paulo. Embora já houvesse sido criada por lei em 1973, como o projeto não foi atualizado e adaptado à Constituição de 88, a Região é, na prática, inexistente. Além disso, no dia 31, aconteceu a reunião do C40 – que reuniu os prefeitos e assessores das 40 maiores cidades do Estado de São Paulo para discutir vários dos assuntos tratados no seminário. “Isso sem contar o novo Código Florestal, que eu, pessoalmente, considero um atraso imenso para o país”, afirmou Arlindo Philippi Jr., presidente da Comissão de Pós-Graduação da FSP.
O evento foi composto de uma breve exposição sobre a construção de uma ciência que consiga dar conta do estudo de metrópoles e por três mesas-redondas tratando de temas específicos.
A exposição foi ministrada pela pesquisadora da FSP, Aparecida Magali de Souza Alvarez, e pela mestranda Aline Matulja, que buscaram no conceito de complexus, do pensador francês Edgar Morin, uma maneira de encarar o tema. É necessário, segundo a pesquisadora, religar todos os campos do saber para dar conta da infinitude de ângulos que uma metrópole apresenta. “O saber é múltiplo e deve ser respeitado em sua diversidade, cada um em seu valor e legitimidade”, diz Alvarez.
Em seguida, teve início a primeira mesa-redonda, moderada pelo professor Leandro Luís Giatti, cujo foco foi definido como “Políticas públicas e governança para metrópoles”. Além dos pesquisadores Ladislau Dowbor, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP), Maria Regina Alves Cardoso, da FSP e Alaôr Caffé Alves, da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (FD/USP), participou também Marcos Campagnone, chefe de gabinete da Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano (Emplasa), que expôs as transformações que a atual administração – indicada pelo governo estadual – executou ou pretende executar.
A segunda-mesa redonda deu início ao segundo dia de seminário com o tema “Desafios da Gestão: dos sistemas de informação à participação social”, moderada pela diretora da FSP, Helena Ribeiro. Dela participaram Rovena Negreiros, diretora de planejamento da Emplasa, Renato Dagnigo, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Wanda Maria Riso Günther, Marcia Faria Westphal e Marcelo Prudente de Assis, da FSP, e Paula Raquel da Rocha Vendramini, da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Entre os temas discutidos, merecem destaque o choque de gestão entre a administração municipal e a estadual e a necessidade de uma forma de gerir que tenha capacidade de lidar com problemas que ignoram fronteiras.
Por fim, a última mesa-redonda teve como tema “Planejamento de metrópoles: a transversalidade da dimensão climática”. Participaram: Álvaro Rodrigues dos Santos, do Instituto de Pesquisas Tecnológicas da Universidade de São Paulo (IPT/USP), Wanderley da Silva, da FSP, Norma Felicidade Lopes da Silva Valencio, da Universidade Federal de São Carlos e Lúcia Costa Ferreira, da Unicamp.
Ambos os dias terminaram com uma oficina aberta a pós-graduandos interessados em aprofundar as discussões do dia, que se reuniram numa sala do prédio principal da FSP.
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