São Paulo (AUN - USP) - No dia 8 de abril, a Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP/USP) recebeu o Ministro da Saúde Alexandre Padilha. A visita fez parte da Semana de Comemoração do Dia Mundial de Saúde, celebrado no dia 7 de abril.
Padilha é médico formado pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), com especialização e doutorado na área de doenças infecciosas – ambos cursados na USP. Coordenou o Núcleo de Medicina Tropical, que é receptor do Fundo de Pesquisa em Doenças Tropicais da Organização Mundial de Saúde (OMS). Foi nomeado Ministro-Chefe da Secretaria das Relações Institucionais em 2009 e, em 2011, assumiu o Ministério da Saúde.
O ministro chegou à FSP às 9h e foi recebido pelo reitor da USP, João Grandino Rodas, pela diretora da Faculdade, Helena Ribeiro e por chefes de departamento e docentes. Indagada sobre o assunto discutido nesse encontro – que durou apenas meia hora – Ribeiro afirmou ter levantado novas possibilidades de integração entre a FSP e o Ministério da Saúde.
Entre os projetos conjuntos já existentes destaca-se o Centro Brasileiro de Classificação de Doenças (CBCD), que tem como função traduzir, adaptar e divulgar as classificações internacionais realizadas pelos Centros de Classificação da OMS – órgão do qual o CBCD também faz parte.
Às 9h30, teve início a exposição de Padilha. Em uma hora e meia, o Ministro fez um panorama geral da situação da Saúde Pública no Brasil, respaldado em números e estatísticas. Dispôs então as metas do governo da presidente Dilma Rousseff e os meios de que sua gestão faria uso para atingi-los.
Segundo Padilha, as ações de seu Ministério têm como objetivo a superação de dois grandes desafios.
O primeiro é a necessidade de uma maior integração entre as outras pastas em prol do tema da Saúde, que deve ser uma das prioridades do governo. Afinal, destina-se a questões da área 8,4% do PIB brasileiro – mais, por exemplo, do que à agricultura. Além disso, das inovações tecnológicas brasileiras, 35% originam-se no setor. “O grande desafio é fazer com que outros setores, principalmente a educação, formem um conjunto da sociedade e tomem esse tema como um tema central”, afirmou o ministro.
Mas o maior desafio é a adequação do programa de governo à nova realidade socio-econômica brasileira.
Nos últimos 7 anos, 35 milhões de pessoas – o equivalente à população do Candá – ascenderam à classe média, o que alavancou o país à posição de quinta maior economia do mundo. Por um lado, isso é extremamente positivo: além da melhoria da condição econômica de grande parte da população, podemos citar como consequência dessa transformação a diminuição na incidência da tuberculose – hoje uma doença muito controlada.
Por outro lado, essa ascensão se deu de maneira extremamente rápida e desorganizada, o que trouxe consequências não tão boas para essa parcela da classe média. Seus hábitos de consumo, por exemplo, não constituem necessariamente hábitos saudáveis – hoje, 48% da população tem excesso de peso e 15% é obeso, segundo os dados que o ministro apresentou. Acidentes de trânsito passaram a ser a principal causa mortis em alguns estados – até mesmo naqueles que não são conhecidos por sua urbanização, como o Piauí e o Espírito Santo.
Outra transformação socio-econômica que modificou o panorama da saúde foi o processo de urbanização acelerado. O crescimento não-planejado das cidades trouxe consigo a piora das condições de saneamento básico – o que gerou a epidemia de dengue.
É necessário que o sistema de saúde acompanhe essas transformações. Como disse Padilha, “nós não queremos só ser a 5ª maior economia do mundo. Nós queremos que todo o povo brasileiro sinta-se parte da 5ª maior economia do mundo.”
O evento terminou com uma apresentação do Grupo de Choro da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP).