São Paulo (AUN - USP) - O Departamento de Psicologia Social e do Trabalho do Instituto de Psicologia (IP) da Universidade de São Paulo realizou entre os dias 24 e 26 de maio o seminário Psicologia Social e Imaginário. Organizado pela professora Sandra Vichietti, o evento contou com a participação de diversos pesquisadores da área de diferentes universidades, que discorreram, principalmente, pelos seguintes assuntos: poética, imaginário, paisagem e, em menor grau, hermenêutica.
A ideia de se realizar o seminário partiu de pesquisas desenvolvidas pela professora Sandra, que percebeu que o estudo sobre o imaginário não era tratado com tanta importância no Departamento. O professor Alberto Filipe Araújo, do Projecto Colectivo Educação e Imaginário do Centro de Investigação em Educação (Cied) do Instituto de Educação da Universidade do Minho (Portugal) abriu a sequência de palestras. O docente discutiu o campo do imaginário sob a perspectiva de Gilbert Durand, pesquisador francês que estudou a antropologia do imaginário. Danielle Perin, vinculado ao Núcleo Interdisciplinar de Pesquisas sobre o Imaginário da Universidade Federal de Pernambuco, que trabalhou com o próprio Durand e foi a responsável por introduzir esse estudo no país, na década de 70, também teve voz no seminário. Sua apresentação foi voltada para o imaginário na organização do cotidiano.
No campo da paisagem, um dos destaques foi a apresentação de Adriana Veríssimo Serrão, do Projecto Filosofia e Arquitectura da Paisagem do Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa. A partir dos estudos realiazados pelo geógrafo Augustin Berque, que demonstrou que categoria paisagem tem um nascimento histórico importante para se compreender o ethos – traços característicos de um grupo, do ponto de vista social e cultural, que o diferencia de outros –, a professora ressaltou a ética e a estética por viés filosófico. Para isso, relacionou a filosofia da paisagem – espaço do habitar humano – com a reflexão de caráter ético e estético sobre a ideia de cidade.
O professor José Carlos Sebe Bom Meihy, do Núcleo de Estudos em História Oral da USP, ressaltou a questão da poética presente na história que é contada. A poética, nesse sentido, é entendida como um subconjunto da narrativa e estuda os elementos criativos presentes nas falas das personagens (como as sensações, as comparações, as metáforas). O professor responsável por tratar mais especificamente da hermenêutica – área que estuda as alterações entre o indivíduo e a coletividade –, Denis Domeneghetti Badia, do Centro Interdisciplinar de Pesquisas sobre o Imaginário da Unesp, não pode comparecer. Porém, outros pesquisadores trataram, ainda que em menor escala, do assunto.
Nas palavras da organizadora, o evento “foi muito mais do que eu esperava”. Todos os professores e pesquisadores compartilharam, de bom grado, muitas informações interessantes. E não apenas ministraram palestras, como também souberam ouvir as demais. “Houve, de fato, um diálogo”. De acordo com Sandra, os aspectos mais interessantes do seminário foram reunir pesquisadores de diferentes unidades – de maneira a relacionar o assunto de forma interdisciplinar – e reunir pesquisadores de língua portuguesa, já que é fundamental dar atenção ao código que se compartilha quando se trata do tema do imaginário.
Devido ao sucesso do seminário a coordenadora do evento, Sandra Vichietti pretende converter o conteúdo que foi ministrado, aliado ao conteúdo de suas pesquisas, em uma nova disciplina, que terá início em 2012 no Instituto de Psicologia. As aulas serão ministradas em conjunto com os pesquisadores portugueses que aqui vieram: Adriana Veríssimo Serrão (Universidade de Lisboa) e Alberto Filipe Araújo (Universidade do Minho).