São Paulo (AUN - USP) - O problema da obesidade, nos últimos anos, passou a ser encarada não apenas como uma questão estética, como também de saúde pública. De acordo com pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2010, 12,4% dos homens com mais de 20 anos são obesos. Já entre as mulheres da mesma faixa de idade, a taxa chega a 16,9%.
Outros dados relevantes retirados da pesquisa são os números de pessoas com sobrepeso no país. Entre as mulheres com mais de 20 anos, o número é de 48%. No grupo masculino, a taxa já alcança 50,1%. De acordo com o IBGE, considera-se obesa a pessoa que possui o Índice de Massa Corporal (IMC) superior a 30%. Já o sobrepeso é definido pelo IMC superior a 25%.
Para Antonio Hebert Lancha Jr., professor da Escola de Educação Física e Esporte da USP (EEFE), a explicação para o alto número de obesos é simples: “Falta usarmos um pouco mais o corpo. Os avanços tecnológicos tornaram o homem mais sedentário e transformou a prática de exercícios em algo obrigatório para se manter saudável”.
Segundo o docente, o mesmo homem gasta menos 300 calorias diárias hoje do que há uma década. Isso se deve a uma série de condições comuns nas grandes cidades. Entre elas, a priorização do trabalho em detrimento da saúde, a falta de tempo livre para práticas de exercícios e a alimentação pouco saudável. “O brasileiro consome muita gordura sem nem saber”, afirma Lancha.
Para fugir da obesidade
Apesar de já ser uma realidade no país, ainda não existe no Brasil uma consciência da obesidade como problema da saúde pública. Para muitos, a doença acaba sendo associada, preconceituosamente, a desleixo. Outro ponto negativo no tratamento é que ainda faltam políticas públicas de prevenção. “Incentivo ao uso de ciclovias, metrô e transportes públicos em geral já ajudaria as pessoas a realizarem algum exercício diariamente”, diz Lancha.
A lipoaspiração, muitas vezes considerada solução única pelo senso comum, também deve ser melhor discutida pela população. Acontece que, com a lipoaspiração, a taxa metabólica de repouso do paciente diminui, de modo que a pessoa fica mais suscetível a engordar. “A lipo deve ser a solução do detalhe, não do total. Não se pode fazer essa cirurgia sem manter uma alimentação saudável e a prática de exercícios”, explica o professor.
Antonio Lancha acredita que não há muito segredo para prevenir a obesidade, basta seguir o básico que é “fracionar a alimentação durante o dia (comer de três em três horas), praticar exercícios físicos e se esforçar para consumir alimentos saudáveis”. Dietas de revista ou dicas de pessoas não especializadas, geralmente, pioram a situação. O professor conta que “o jejum, por exemplo, é a melhor forma que se tem para engordar”.