São Paulo (AUN - USP) - O processo de urbanização que tem ocorrido no Brasil carrega consigo diversos problemas: a concentração de riquezas, a periferização e a má distribuição de infraestrutura são, talvez, os mais evidentes. Uma das questões que mais carecem de discussão, entretanto, é a administração de dejetos. Afinal, mais pessoas produzem mais lixo – que deve ser armazenado em algum lugar no meio do espaço cada vez mais concentrado das metrópoles.
No dia 1º de junho, a pesquisadora Wanda Maria Riso Günther analisou as soluções que têm sido dadas a esta questão no contexto do Estado de São Paulo. A exposição fez parte da segunda mesa-redonda do seminário Metrópoles: Planejamento e Gestão em Meio-Ambiente, realizado no auditório da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP/USP), que tinha como tema “Desafios da Gestão – dos sistemas de informação à participação social”.
Wanda é formada em engenharia¬¬ civil pelo Instituto Mauá de Tecnologia (IMT) e em ciências sociais pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP. Concluiu mestrado e doutorado na área de saúde pública pela FSP e tem pós-doutorado com foco em engenharia sanitária pela Universidade Autonoma de Madrid.
Segundo a pesquisadora, a urbanização fez com que, cada vez menos, haja espaço destinado ao armazenamento de lixo. Com isso, a tendência é que os dejetos originados em diversos municípios sejam armazenados numa zona única. “Cada vez mais estamos exportando nossos resíduos”, afirma Wanda. São, geralmente, aterros privados, formados por meio de consórcios e outras formas de contribuição intermunicipal.
É uma solução que alcança somente a superfície do problema, entretanto – um pensamento que a professora chamou de “controle de fim de tubo”. Isto é, a prioridade da administração é encontrar um local adequado para realizar a disposição final dos dejetos. É uma medida temporária, já que a produção de resíduos continua intensa. Além disso, não dá conta de eliminar os diversos problemas de saúde decorrentes da exposição ao lixo não tratado.
A tendência mundial – priorizada, por exemplo, pelos países da União Europeia – é, ao contrário, prevenir a geração de resíduos e, se isso for impossível, reutilizá-los ou reciclá-los. Eliminá-los é somente a última opção.
Embora já tenham ocorrido tentativas de implantar este procedimento no Brasil – como, por exemplo, por meio da separação do lixo em quatro partes – elas foram, em sua grande maioria, ineficientes. “A sociedade não está culturalmente preparada para isso”, afirma a pesquisadora. E, a julgar pelo estado crítico em que se encontra o armazenamento de detritos em São Paulo, é necessária, pelo menos por enquanto, uma solução mais instantânea.