ISSN 2359-5191

04/07/2011 - Ano: 44 - Edição Nº: 61 - Ciência e Tecnologia - Instituto de Pesquisas Energéticas
Pesquisa do Ipen emprega biomassa para tratar rejeitos radioativos
Para pesquisador, qualquer material orgânico tem potencial para ser utilizado com esse fim

São Paulo (AUN - USP) - Está sendo desenvolvida no Centro de Rejeitos Radioativos do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) pesquisa que trabalha na utilização de biomassa para o tratamento de rejeitos radioativos líquidos. O estudo está sendo feito pelo doutorando Rafael Vicente Pádua, sob orientação de Júlio Marumo.

O objetivo da pesquisa é transformar rejeitos radioativos líquidos em rejeitos sólidos que possam ser imobilizados em cimento. Para isso, foram selecionadas algumas biomassas que pudessem ser facilmente aplicáveis ao estudo. As escolhidas foram coco, casca de arroz, casca de café e bagaço de cana. Esse material é utilizado tanto na sua forma bruta, quanto após um tratamento químico chamado ativação. “Na ativação é colocada a biomassa com uma solução ácida e depois numa solução alcalina para tentar melhorar a acumulação de metal”, afirma Pádua. Depois, é feita uma comparação dos resultados da biomassa com e sem tratamento, observando o quanto foi removido de cada rejeito. “Além disso, as avaliamos imobilizadas em cimento. Isso porque elas precisam cumprir alguns parâmetros estabelecidos por norma”, explica. O melhor biossorvente, segundo ele, é aquele que remove a maior quantidade possível de rejeito e que cumpra os parâmetros para a imobilização em cimento. “A fibra do coco é o que mais tem chamado nossa atenção até o momento”, revela.

Após esse tratamento, o rejeito teria um armazenamento muito mais fácil e ocuparia um espaço muito menor. Para cada litro de rejeito líquido, são necessários apenas cinco gramas de biomassa para o tratamento. “Há uma redução muito grande do volume. Depois fica só o pozinho que a gente pode imobilizar”, afirma o pesquisador.

Outras biomassas
Pádua ainda afirma que qualquer material orgânico tem potencial para ser utilizado para a adsorção de materiais nocivos. Basta fazer um estudo do quanto seria removido e para quais elementos ela seria melhor aplicada. “Dá para usar serragem, pipoca, cabelo humano. Todo material de origem biológica pode ser estudado para saber se tem capacidade de adsorção ou não”, explica. Adsorção é a adesão de moléculas de um fluido a uma superfície sólida.

No seu mestrado, Pádua trabalhou com microorganismos remoção de material orgânico de rejeitos radioativos. O intuito era tornar o rejeito mais próprio para a imobilização com cimento. No decorrer do trabalho, foi percebido que os microorganismos não apenas removiam o material orgânico como acumulavam material radioativo. “Fomos estudar melhor isso e vimos que outros tipos de biomassas vegetais também tinham essa propriedade”, afirma. “No meu doutorado, deixei de estudar os microorganismos e passei a me dedicar à biomassa”.

O orientador da pesquisa, Júlio Marumo, lembra que esta técnica ainda está em estudo e que, apesar de os resultados até agora serem satisfatórios, ela não é aplicada rotineiramente. Pádua afirma que já concluiu aproximadamente 50% da pesquisa e que seu prazo para término é de mais dois anos e meio. Após esse período, a técnica poderá ser viabilizada como processo rotineiro no tratamento de rejeitos líquidos.

Mais informações: rpadua@ipen.br, com Rafael Vicente Pádua Ferreira.

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