ISSN 2359-5191

04/07/2011 - Ano: 44 - Edição Nº: 61 - Ciência e Tecnologia - Instituto de Pesquisas Energéticas
Ipen desenvolve método para reduzir volume de rejeitos armazenados
Técnica envolveria um scanner para detectar se materiais ainda são radioativos

São Paulo (AUN - USP) - Está prestes a entrar em utilização no Centro de Rejeitos Radioativos do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) uma metodologia que reduziria o volume de rejeitos radioativos armazenados. A técnica, desenvolvida em tese de doutorado por Ademar José Potiens Júnior, consiste em utilizar uma máquina chamada scanner de tambor, que analisaria e identificaria quais rejeitos já podem ser descartados por não possuírem níveis de radioatividades nocivos.

O scanner é formado por um detector de radiação e por um sistema que movimenta os tambores em diferentes direções. “É possível movimentar o tambor para cima e para baixo e fazê-lo girar. Posso controlar a movimentação manualmente ou ainda programar padrões”, afirma Potiens.

O objetivo do projeto é a redução do volume de material armazenado no Instituto. “Com esse equipamento podemos monitorar todos os nossos tambores e determinar se ainda são rejeitos radioativos. Com certeza muitos tambores armazenados aqui poderiam ser eliminados como resíduos convencionais”, afirma Júlio Marumo, pesquisador do Ipen. Atualmente, existem aproximadamente 1.500 tambores armazenados no Instituto.

A metodologia foi desenvolvida na tese de doutorado Aplicação de Redes Neurais Artificiais na Caracterização Isotópica de Tambores de Rejeitos Radioativos, defendida no Ipen em 2005 por Potiens, sob orientação do pesquisador Goro Hiromoto. Ela serviria para análise para quantificação e localização dos radionuclídeos distribuídos de forma não homogênea em um tambor de 200 litros, utilizados para o armazenamento de rejeitos. Também foi elaborada a divisão do tambor de rejeitos radioativos em várias unidades ou células e algumas possíveis configurações de intensidades de fonte. Isso ajudaria a detectar onde, no tambor, estariam as fontes com maior e menor intensidade radioativa, o que, por sua vez, possibilitaria o descarte de materiais não mais perigosos.

Potiens afirma que a idéia de aplicar a metodologia desenvolvida em seu doutorado junto ao scanner de tambor surgiu após uma visita a uma entidade espanhola. “Após uma visita científica que fiz no ano de 2008 ao Centro de Investigaciones Energéticas, Medioambientales y Tecnológicas (Ciemat) em Madrid, Espanha, pude ver funcionando um sistema parecido com o nosso e tive a idéia de adaptá-lo e construí-lo aqui em nossas dependências. Isso para que tenhamos a possibilidade de efetuar a caracterização radioisotópica dos tambores de rejeito radioativo armazenados em nosso depósito”, afirma.

O scanner está em fase final de preparação e deve entrar em atividade em breve. “A previsão de início do sistema de caracterização de tambores é para os próximos meses”, explica Potiens.

A tecnologia, que consiste no detector de radiação e na parte eletrônica, foi comprada junto a uma empresa americana chamada Canberra. Já o sistema que possibilita a movimentação dos tambores associada a um CLP (Controlador Lógico Programável) foi adquirido junto à empresa Vivacity Automação Ltda.

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