ISSN 2359-5191

08/07/2011 - Ano: 44 - Edição Nº: 65 - Meio Ambiente - Instituto de Biociências
Energia nuclear é tema de debate no IB
Evento fechou a Semana do Meio Ambiente do Instituto de Biociências

São Paulo (AUN - USP) - Mediado por Virgínia Parente, professora do Instituto de Eletrotécnica e Energia da USP (IEE), o debate ainda contou com a participação do assessor da presidência da Eletronuclear (subsidiária da Eletrobras), comandante Leonam Guimarães, do pesquisador do Instituto de Pesquisa Elétricas e Nucleares da USP (Ipen), Afonso Aquino, e do diretor de políticas públicas do Greenpeace, Sérgio Leitão.

“Em energia não existe ‘almoço grátis’, qualquer que seja a matriz energética, até mesmo as renováveis, apresenta efeitos colaterais, que chamamos de externalidades negativas”. Em sua fala inicial, Virgínia Parente fez uma tentativa prévia de apaziguar diferentes pontos de vista acerca de um tema que divide muitas opiniões. Idolatrado, assim como rejeitado por muitos, o assunto ganhou recentemente espaço na mídia após a Alemanha anunciar, em meados do mês de março de 2011, o fechamento de todas suas usinas nucleares até 2022.

Leonam Guimarães considerou o comportamento alemão duvidoso, já que, apesar de erradicar as usinas, o país continuará mantendo em seu território 138 armas nucleares. O pesquisador Afonso Aquino também apontou outra curiosidade nas ações do governo alemão: para manter seu abastecimento, a Alemanha comprará energia de seu vizinho, a França, país que tem 90% da matriz energética baseada em usinas nucleares.

Prós e contras da energia nuclear
Quando o assunto era a relação custo-benefício dessa matriz energética, alguns participantes do debate não conseguiam entrar em nenhum consenso. Apesar de Parente defender que “energia é a composição adequada de todas as matrizes energéticas” e dizer que “ninguém pode se dar ao luxo de desprezá-las”, o membro da diretoria do Greenpeace, Sérgio Leitão, era enfático em sua rejeição à energia nuclear.

Para Sérgio, inexiste um lado bom quando o tópico é esse tipo de energia. Além de fazer algumas referências ao que ele nomeia de “contornos sombrios” do início das atividades com a matriz nuclear no país, quando, durante o governo militar, o Brasil desenvolveu um programa paralelo para o desenvolvimento de armas, ele ainda apontou alguns outros problemas nessa matriz.

Segundo o membro da diretoria do Greenpeace, a energia nuclear é muito cara. Só o orçamento de construção de Angra 3, por exemplo, já ultrapassa R$ 10,3 bilhões. Sérgio também apontou o alto risco de graves acidentes, como o de Chernobyl, na Ucrânia, em 1986, que expôs inúmeras pessoas à radiação, e a recente explosão na usina de Fukushima, causada por um terremoto ocorrido no Japão em março desse ano.

Se tínhamos em Sérgio um forte crítico da matriz, a figura do comandante Leonam Guimarães assemelhava-se a de seu incansável defensor. Durante sua exposição, o comandante fez uma alusão à crise energética de 2000, causada não só pela falta de chuva, como também de gerenciamento da questão energética, para explicar a importância da energia nuclear na matriz energética brasileira.

De acordo com ele, foi a partir desses apagões que o Governo Federal sentiu necessidade de investir ainda mais na implementação de usinas térmicas complementares às hidrelétricas. E uma dessas complementações envolve justamente a energia nuclear. Além disso, a geração de energia nuclear evita que 63 mil toneladas de dióxido carbônico (CO2) sejam jogadas na atmosfera.

Um pouco menos enérgico que os dois outros debatedores, Afonso Aquino disse “advogar por todos os tipos de energia”. Segundo ele, optar por um só caminho nesse caso pode muitas vezes não ter volta. Seu discurso foi endossado pela professora do IEE, que o complementou, ressaltando, em sua fala final, a importância de se dominar cada matriz energética.

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