São Paulo (AUN - USP) - Já é praticamente senso comum o conhecimento de que exercícios aeróbios, quando moderados, trazem benefícios à pressão arterial. Entretanto, pouco se sabe da influência de outros tipos de atividades físicas em quem apresenta pressão alta. Em sua pesquisa de mestrado pela Escola de Educação Física e Esporte da USP (EEFE), Dinoelia de Souza busca as ações da musculação sobre quem é hipertenso.
“O meu trabalho investiga como se comporta a pressão arterial em hipertensos medicados que praticam musculação”, explica a mestranda. Mais especificamente, o estudo, que é feito em parceria com o Hospital das Clínicas, envolve voluntários que utilizarão Anlodipina (popularmente conhecido como Bensilato de Anlodipina). A ideia da pesquisa é descobrir como esse exercício físico, tão popular, deve ser realizado pelos hipertensos em uso deste medicamento.
Outros requisitos para se voluntariar, além de tomar remédios para pressão alta ou ser hipertenso, são: ter entre 30 e 60 anos, não praticar atividade física regularmente e não apresentar outro fator de risco (como ser obeso ou diabético).
Vantagens do estudo
“Os voluntários contribuem para a eficácia da pesquisa. Por outro lado, recebem acompanhamento médico do Hospital das Clínicas gratuitamente”, avisa Dinoelia. Ela avisa que os critérios para realizar os exames do estudo são bem rigorosos e que “qualquer outro fator de risco já descarta o paciente”. Entretanto, a mestranda lembra que, mesmo se o voluntário não puder colaborar com a coleta de dados, “ele continua recebendo o acompanhamento do Hospital das Clínicas”.
Segundo Dinoelia, antes de começarem a série de exames, os pacientes são analisados minuciosamente por uma equipe de médicos para que não existam voluntários que também apresentam outras doenças de risco. Depois de passar pelas avaliações médicas, cada paciente fica em torno de três meses participando da pesquisa. Dentro desse período, é feito, aproximadamente, um teste físico por semana para a coleta de dados, paralelamente a consultas no Hospital das Clínicas.
Ao decorrer da pesquisa, os voluntários utilizam um placebo e o remédio, sem o conhecimento da avaliadora a fim de que não haja influências nas avaliações. Outro ponto interessante da coleta de dados é que, conta Dinoelia, “nas sessões experimentais, utilizamos um método bastante requintado para medir a pressão. Ele chega a ser invasivo, pois é intraarterial”. De acordo com ela, os métodos mais comuns, como o uso do aparelho “esfigmomanômetro”, subestimam a pressão em exercícios de força.
O estudo, que deve terminar até o final de 2011 e possui a aprovação do Comitê de Ética do Hospital das Clínicas, também traz vantagens à Educação Física. “Hoje em dia as academias de ginástica recebem um público muito variado. A pesquisa colabora na ‘prescrição de atividade física’, visto que pretende adequar a musculação aos hipertensos medicados”, esclarece Dinoelia.