ISSN 2359-5191

11/07/2011 - Ano: 44 - Edição Nº: 66 - Educação - Escola Politécnica
Sistema traz visão mais ampla sobre o aprendizado
Pesquisadora desenvolve plataforma para acompanhamento e direcionamento da educação

São Paulo (AUN - USP) - A pesquisadora Valkíria Venâncio apresentou, na tarde do dia 27 de junho, a conclusão de sua tese de mestrado pela Escola Politécnica. Durante o trabalho, Valkíria desenvolveu o SeeAll, o protótipo de um sistema para apoio na educação que reúne em um lugar os resultados obtidos em diversas plataformas e apresenta ao educador um panorama completo de cada aprendiz. O projeto, voltado a todos os envolvidos no processo educacional de crianças de 6 a 10 anos, pretende auxiliar professores e gestores do ensino fundamental no planejamento das ações e acompanhamento do processo educacional como um todo.

O SeeAll foi proposto devido à necessidade que Valkiria notou em readequar ferramentas de ensino para as novas gerações da chamada sociedade do conhecimento. “A criança que nasce hoje tem uma nova maneira de pensar e tratar as informações, adquirindo-a em diversos lugares e levando para outros”, disse Valkiria, que é professora de uma escola municipal em Diadema.

Por dentro do sistema
O SeeAll considera o ambiente virtual como um ecossistema digital, onde há interações constantes entre todos os níveis envolvidos e um fluxo ininterrupto de informações. Com base nessa concepção, Valkiria criou um sistema que realiza uma avaliação formativa do aprendizado, acompanhando todas as atitudes e vivências do aluno e qualificando-as nas competências desejadas. Ao funcionar como um agregador do conteúdo de outras ferramentas eletrônicas, como o Moodle e o Aprimora, o SeeAll oferece, em tempo real, a evolução do aprendiz naquele curso ou série.

Por estar inserido nesse ecossistema digital de colaboração, o SeeAll foi desenvolvido para ser utilizado não apenas pelo aprendiz, mas também por professores, gestores e pela família. Todos os usuários podem interagir entre si e expor o aprendizado individual em qualquer lugar, já que o sistema é multiplataforma. “Temos uma criação coletiva disponível no sistema para todos os cadastrados”, explica Valkíria.

Durante a criação do sistema, Valkíria conversou com outros professores para descobrir o que é fundamental em um programa de educação virtual. Assim, o protótipo do SeeAll possui interface muito simples. “O professor só usa recurso eletrônico se for útil e fácil de usar, com visualização rápida do progresso individual”, disse a pesquisadora. Por isso, a interface proposta difere muito da convencional, encontrada em outros meios.

O SeeAll verifica o comportamento do aprendiz como um todo, levando em conta as vivências e atitudes registradas e qualificadas pelo mestre para montar um mapa de competências. O mapa consiste em um agrupado de formas geométricas, que diferem cada tipo de dado, com quatro cores que indicam o desempenho do aluno. Ao clicar em alguma delas, o usuário tem explicações detalhadas, como por exemplo as vivências envolvidas no aprendizado daquela competência.

Além de auxiliar o planejamento da aula e o aprendizado do aluno, o SeeAll oferece uma alternativa interessante na organização dos dados da escola. “A maioria das escolas ainda faz esse registro no papel”, conta Valkíria. Com o acesso à base de dados do sistema, um gestor teria as informações dos alunos na tela do computador e poderia fazer um acompanhamento individual do avanço dos aprendizes.

Limitações
Apesar das facilidades oferecidas, o SeeAll enfrenta um grande desafio no que diz respeito à fluência digital dos envolvidos. O protótipo foi testado por alguns profissionais da educação, que perceberam a utilidade da ferramenta mas tiveram algumas dificuldades com a linguagem. Outro fator, apontado pela banca examinadora, diz respeito justamente à falta de conhecimento do professor sobre os conceitos que o SeeAll utiliza, como as competências e as vivências.

A escala de aproveitamento do sistema, que tem apenas quatro níveis, foi criticada por ser muito ampla. A escala considera apenas duas categorias de aprendizado: objetivo alcançado (entre 61% e 100% de aproveitamento) ou não. A amplitude considerada impede o diagnóstico preciso a que a ferramenta se propõe.

O educador que planeja trabalhar a interdisciplinaridade, cada vez mais presente nos desafios do cotidiano, também não encontra apoio no SeeAll. “Por enquanto o sistema marca apenas uma área do conhecimento por vivência”, explicou Valkíria. Esse é um dos pontos que a pesquisadora planeja desenvolver em pesquisas futuras. Outra vontade destacada é a ampliação dos recursos para utilização com alunos de outras faixas etárias, cujo aprendizado é bastante diferente e exige um sistema exclusivo.

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