ISSN 2359-5191

11/07/2011 - Ano: 44 - Edição Nº: 66 - Saúde - Faculdade de Medicina
Cirurgia plástica em obesos pode ajudar no bem-estar

São Paulo (AUN - USP) - Parece hoje em dia que as cirurgias plásticas frequentam as páginas dos tablóides mais do que as dos periódicos científicos. Numa época em que os cirurgiões de Hollywood são quase tão famosos quanto seus pacientes, a impressão que se tem é a de que, mais do que o bem-estar de seus pacientes, operações estéticas visam a manter viva a busca obsessiva por um modelo de corpo ideal – tanto para aqueles que conseguem pagá-las quanto para aqueles que têm de se contentar com observar seus resultados de longe.

Mas é claro, a questão não é tão simples, como mostra a experiência do médico Wilson Cintra Júnior. Formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM/USP), com residência, mestrado e doutorado na área de cirurgia plástica, o cirurgião lidera um grupo de estudo sobre operações estéticas na obesidade na FM e atende numa clínica particular. Procurado pela AUN, o Dr. Cintra aceitou conversar sobre o assunto.

A cirurgia plástica ao longo do tempo
A Enciclopaedia Britannica dá como primeiro testemunho de algo que hoje seria identificado como uma cirurgia plástica casos de reconstrução de narizes mutilados a partir da pele da bochecha relatados num texto indiano datado de por volta de 500 a.C.. Há relatos de cirurgias de reconstrução também nas culturas egípcia e romana, mas foi somente com o desenvolvimento de técnicas efetivas de anestesia que cirurgias eletivas – isto é, que não são consequência de emergência médica – se tornaram uma possibilidade.

A maior parte das técnicas modernas de cirurgia plástica foi desenvolvida pelo cirurgião neozelandês Harold Gillies, que, em nome da Cruz Vermelha, tratava soldados que tiveram seus rostos desfigurados na Primeira Guerra Mundial. Em 1946, Gillies realizou a primeira cirurgia de mudança de sexo.

Estética e reparação
“Muitas vezes é extremamente difícil definir-se uma determinada cirurgia como estética ou reparadora”, diz Cintra. Ele exemplifica com dois tipos comuns de pacientes: jovens com pequenos acúmulos gordurosos que buscam lipoaspiração e mulheres jovens que, apesar de terem volume mamário adequado a sua altura e peso, buscam o implante de próteses de silicone.

São pacientes com orientação aparentemente estética. “Após as cirurgias, os pacientes citados melhoram a autoestima e a saúde mental, interagem melhor socialmente e afetivamente e melhoram sua qualidade de vida”, afirma o cirurgião – melhoras que a Organização Mundial de Saúde (OMS) definiu como “aspectos vitais do ser humano”.

“Não devemos julgar o motivo do paciente que nos procura”, diz o Cintra. “E sim, avaliar tecnicamente se existe indicação médica para o procedimento e ajudar na escolha da melhor técnica a ser aplicada”.

“Cura” da obesidade?
Num estudo realizado pela Universidade do Colorado, de um grupo de 32 mulheres – todas com idade entre 18 e 25 anos e IMC (índice que define se um paciente tem sobrepeso, peso médio ou ausência de peso) normal – 14 voluntárias se submeteram a um procedimento de lipoaspiração com a promessa de que não mudariam seus hábitos. Um ano após o teste, o nível de gordura corporal de ambos os grupos praticamente se igualara.

Isso demonstra mais um equívoco que se associou à cirurgia plástica: que a lipoaspiração é a “cura” da obesidade – um substituto de dietas e exercícios, mas que traz consigo muito menos esforço.

“A cirurgia plástica não é método de emagrecimento, ela proporciona a melhora do contorno corporal”, diz Cintra. “O principal tratamento da obesidade é preventivo, através de dietas saudáveis e prática de atividade física. Quando instalada, o tratamento deve ser realizado por meio da orientação dietética, medicação e atividade física. A última opção é o tratamento cirúrgico da obesidade, por meio de cirurgia específicas denominadas de cirurgias bariátricas, as quais restringem a ingestão e diminuem a absorção dos alimentos.”

O grupo de estudos chefiados por Cintra analisa casos de pacientes obesos que, após perda de peso, são submetidos a cirurgias plásticas com o fim de retirar os excessos de pele e melhorar o contorno corporal. “Indubitavelmente, a cirurgia interfere positivamente na vida dos pacientes. Eles voltam a frequentar festas, divertem-se mais, passam a viver com mais qualidade”, afirma o cirurgião.

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