São Paulo (AUN - USP) - “O primeiro passo, quando se tem uma doença alérgica, não é o uso de medicamentos e, sim, buscar informações”, afirma Luzimar Teixeira. Professor da Escola de Educação Física e Esporte da USP (EEFE), Teixeira é especializado na área de atividades físicas adaptadas. Para ele, deveria existir uma ênfase na prevenção das alergias, por meio de uma educação mais abrangente sobre o assunto.
Segundo o docente, não basta o exercício físico adaptado ou, muito menos, os remédios. O ideal é que as pessoas que sofrem de alergias seguissem um programa de educação completo, “envolvendo desde alimentação e hábitos básicos do dia a dia até os exercícios supervisionados por profissionais”, explica.
Poluições camufladas O professor afirma que muitas das alergias são causadas ou intensificadas por motivadores banais que estão presentes na rotina dos grandes centros. “Produtos de limpeza, corantes, conservantes, inseticidas e outros fazem parte da poluição caseira que aflige as pessoas”, enumera Teixeira.
“A legislação brasileira é absurdamente permissiva com químicos nocivos presentes nos produtos”, denuncia o docente. De acordo com ele, o diesel brasileiro, por exemplo, apresenta uma qualidade imensamente inferior a dos outros países: provando o quanto o país ainda está atrasado em setores primários da saúde pública. Outro tipo de poluição apontada pelo professor não é só bastante prejudicial, como também passa despercebida. A poluição dos ambientes fechados, a qual praticamente todos estão sujeito, seja em casas, salas de aula, escritórios ou shoppings.
Deve-se chamar atenção também para o período de julho, principalmente em São Paulo. Nessa época de inverno, os casos de ocorrências médicas ligadas a doenças alérgicas (ênfase nas respiratórias) aumentam consideravelmente. “Nós não temos vento nesse clima e os poluentes não dispersam. As doenças atingem com mais força os idosos e as crianças”, declara o docente.
Para solucionar as doenças alérgicas, muitos procuram por atividades físicas ou remédios sem supervisão profissional, de modo que podem acabar piorando a situação. Teixeira explica que “na asma, por exemplo, a atividade física é boa, mas também ajuda a provocar crises mais graves de alergia”.
“Diferentes exercícios em diferentes condições podem provocar diferentes magnitudes de crises”, conta o docente. Para Teixeira, há situações em que a atividade física pode chegar a ser pior do que a falta dela. Ele reitera que “às vezes, é melhor que a pessoa esteja bebendo uma cerveja num lugar fechado com os amigos, do que estar correndo em plena avenida Paulista, no frio e, portanto, sob um ar cheio de poluentes concentrados”.