São Paulo (AUN - USP) - Cerca de 200 alunos-voluntários, um ano de preparações, vontade de ajudar uma realidade muito diferente da universitária e muito trabalho aliado a aprendizado: isso é um pouco do que o projeto Bandeira Científica representa. Criado por alunos da Faculdade de Medicina (FMUSP), o projeto de extensão completa 54 anos em 2011 e é um dos maiores da Universidade de São Paulo (USP).
A maior fama do Bandeira Científica consiste na expedição que os universitários envolvidos no projeto realizam anualmente. A viagem dura aproximadamente dez dias e sempre é para alguma cidade de baixo IDH do Brasil. O destino da próxima será Belterra, no Pará. A ideia é ajudar na melhoria da saúde e qualidade de vida de municípios carentes do país, com o conhecimento adquirido dentro da Universidade, e também aprender com o choque de realidades.
Durante a expedição, os alunos-voluntários, sob supervisão de profissionais e professores, desenvolvem atividades de acordo com a área de sua formação, mantendo o foco na interdisciplinaridade. São realizados atendimentos (médicos, psicológicos, nutricionais), exames (odontológicos, fisioterapêuticos, oftalmológicos) e doações, além da formação de grupos de discussão e de atividades educativas para os estudantes, moradores e profissionais da cidade. Os alunos ainda pesquisam indicadores sociais, realizam relatórios sobre infra-estrutura e fornecem aos gestores públicos um banco de dados com o resultado do trabalho no município. Para Luiz Fernando, um dos criadores do projeto, participar do Bandeira Científica “traz a sensação de ter contribuído, de alguma forma, para que este país possa crescer. Porém, com consciência de suas necessidades e de sua responsabilidade para com todos os cidadãos, de forma estruturada e sustentável”.
Preparação do projeto
Atualmente o projeto conta com a participação de outras seis unidades da USP: Faculdade de Saúde Pública (FSP), Instituto de Psicologia (IP), Escola de Comunicações e Artes (ECA), Faculdade de Odontologia (FO), Escola Politécnica (EP) e Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq). Segundo Luiz Fernando Ferraz, a incorporação de novas áreas do conhecimento fez com que a Bandeira deixasse de ser apenas assistencialista. “É um projeto que tem a assistência como uma de suas atividades, mas que busca enxergar o indivíduo dentro de um contexto, de um ambiente e de uma sociedade”, afirma Luiz Fernando.
O Bandeira Científica não se resume a apenas uma viagem. A expedição é organizada pelas sete unidades participantes por um ano. Para que ela aconteça, é preciso muito mais que boa vontade. Os universitários envolvidos são responsáveis pela preparação estrutural e operacional da viagem. Isso inclui desde a realização de pré-visitas e preparação de alojamentos até a organização de processos seletivos para outros estudantes interessados em participar.
“A maior expectativa é usar o seu conhecimento da universidade em um lugar que não tem nada a ver com a Universidade. E, como é um projeto de extensão, também espero aprender com a expedição”, conta Leonardo Fernandes, aluno de jornalismo da ECA e integrante da equipe do Bandeira.