São Paulo (AUN - USP) - Vinícius Rafael Neris dos Santos, aluno de doutorado do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP, trabalha desde 2009 em uma pesquisa que procura detectar objetos enterrados no subsolo. Ela inclui o uso da tecnologia GPR (Ground Penetrating Radar) e das Redes Neurais Artificiais (RNA).
O GPR consiste no uso de ondas eletromagnéticas para detectar se existe algo em uma determinada superfície. “O equipamento emite ondas eletromagnéticas para o interior do solo nas freqüências entre 12 MHz a 2,5 GHz e havendo alguma diferença na propriedade física do material em sub-superfície existe a reflexão que é captada pelo equipamento e assim existe o registro do que está em debaixo do solo”, explica Neris.
Já o RNA são redes de neurônios artificiais capazes de encontrar padrões em agrupamentos de dados. “Estes neurônios artificiais se conectam na forma de uma rede, possuindo uma fase de aprendizagem dessa rede em que são apresentadas determinadas características do agrupamento de dados e após esse treinamento dizemos que a rede "aprendeu" e assim ela pode classificar outros grupos de dados”. É uma aplicação de princípios da microbiologia às ciências da computação segundo ele.
O projeto, do qual Neris faz parte juntamente com seu orientador, professor Jorge Luis Porsani (IAG) e a professora Nina S. T. Hirata (co-orientadora, IME), procura saber o que, de fato está nesse subsolo, já que com o GPR pode-se apenas saber que há algo lá. Com isso é possível saber se o que existe lá é metal, concreto ou plástico.
Sobre os objetivos ele conta que “o principal objetivo seria da aplicação no planejamento urbano. Com o grande número de obras nas grandes cidades é importante o uso da geofísica. Assim o uso do GPR, e mais ainda, determinar o tipo de material que está enterrado, para evitar acidentes e prejuízos, é importante”. Em relação a outras aplicações como usar o método para o descobrimento de minas terrestres e arqueologia ele explica que seria possível, mas o tipo de treinamento para o RNA nesse tipo de uso é diferente daquele usado comumente pelos pesquisadores envolvidos no projeto.
Ele trabalha com isso desde 2009 juntando a geofísica a seu interesse por programação, de forma que decidiu com outros pesquisadores utilizar as RNAs no Sítio Controlado de Geofísica Rasa (SCGR) para melhorar a identificação de alvos com GPR.
Vinícius recebe apoio da Fapesp e em agosto receberá bolsa CNPq para seu doutorado na Universidade de Liverpool.