São Paulo (AUN - USP) - O grupo Profuturo Digital Forum, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA), promoveu no dia 16 de maio seu segundo encontro, para debater sobre o futuro dos aparelhos portáteis. A questão principal era como estes aparelhos seriam no futuro, considerando as tecnologias que se conhece e se pesquisa hoje, e quais são os desafios para desenvolver produtos sem poder contar com apoio sólido das pesquisas de mercado.
Luciano Shinkawa, engenheiro formado pelo Instituto Mauá de Tecnologia e gerente de pesquisa e desenvolvimento na Nokia, falou sobre o seu trabalho e aparelhos portáteis. Segundo ele, a tendência é que inúmeros objetos percam sua utilidade ao ter suas funções migrando para o celular, como, por exemplo, o relógio de pulso ou o palmtop. A convergência de tecnologias portáteis é cada vez maior, e tem como centro o smartphone, que hoje exerce outras funções como a de GPS, câmera fotográfica e TV portátil.
Quanto aos tablets, Shinkawa chamou a atenção para a Apple que, apesar de não ter sido a primeira empresa a lançar um tablet (os primeiros foram o Windows Tablet PC em 2000 e o Nokia 770 em 2005, enquanto o iPad só foi lançado em 2010), criou um novo conceito, um novo segmento no mercado. “O iPad basicamente cria uma categoria nova, que foi copiada por outras empresas como a Samsung.” Os videogames portáteis também não escaparam da discussão. “Existe muita diferença entre jogar um joguinho no celular touch screen e jogar em um console analógico.”, defendeu Shinkawa.
Uma ideia interessante levantada na discussão foi a de que o PC, o tablet e o smartphone caminham em direção a uma integração total, em vez de um substituir o outro. O maior problema, no entanto, é o que Shinkawa chamou de “ecossistema”: ferramentas compatíveis com os aparelhos e os programas utilizados. Não adianta, por exemplo, ter um filme em formato divx se o player não lê esse formato e portanto não o reproduz; ou ter um iPod mas não ter instalado no computador o iTunes. De acordo com ele, é um dos principais motivos pelos quais o Linux não deu certo e é muito pouco usado. “Não se consegue mover uma indústria se não houver um sistema que apoie isso”, concluiu.
Quanto a novos aparelhos e conceitos, Shinkawa disse que a maior barreira é o investimento. “Não acho que tecnologia seja uma limitação hoje para conseguir uma fatia do mercado. É questão de fazer a escolha certa e por sua ficha no lugar certo.” Ele ainda defende que produtos novos não deveriam ser baseados em pesquisas de opinião pública, mas que deve haver uma avaliação de como o consumidor utiliza e quão satisfeito ele está com produtos que ele já possui.