São Paulo (AUN - USP) - Segundo o diretor Flavio Ulhoa Coelho, o Instituto de Matemática e Estatística da USP (IME) já é há tempos conhecido pela alta porcentagem do seu orçamento que dedica ao pagamento de monitorias, isto é, alunos que auxiliam os professores nas disciplinas que ministram. “O instituto considera esta prática extremamente importante”, diz Flavio. “Por um lado dá apoio ao professor e aos novos alunos que estão cursando a disciplina, e por outro faz parte da formação do aluno que é monitor”.
Os alunos interessados em ser monitores de disciplinas que já cursaram manifestam-se para Comissão de Monitoria, que cobre todas os departamentos do IME e é responsável por distribuir os monitores bolsistas entre os professores que solicitaram esse apoio. De acordo com as funções que serão desempenhadas, o monitor fica associado a uma ou a mais disciplinas. “Se a função do monitor é só dar plantão de atendimento aos novos alunos e solucionar dúvidas, então ele pode cobrir mais de uma disciplina”, explica a professora Zara Issa Abud, coordenadora da Comissão de Monitoria. “Nos casos em que o aluno tem que corrigir listas de exercício, programas de computador e ajudar em dia de prova, ele fica apenas com uma disciplina”.
Para a professora Zara, o aluno que desenvolve atividades de monitoria tem a oportunidade de rever o conteúdo da disciplina que já cursou, aprofundando-se. “Quando a gente explica uma coisa para alguém, acaba entendendo melhor”, ela continua. Apesar de tanto alunos de graduação quanto de pós-graduação poderem se inscrever para serem monitores, os primeiros acabam recebendo preferência. “Na minha opinião é uma atividade que se presta a alunos de graduação, pois eles é que estão crescendo”, Zara explica. “O aluno é naquele momento professor, e essa responsabilidade de organizar as ideias e passa-las para alguém faz com que ele amadureça”. Como no IME existem muitos alunos cursando licenciatura, a experiência ganha um valor maior ainda.
Os próprios alunos que estão cursando a disciplina pela primeira vez também se beneficiam bastante dessa prática, pois se sentem mais a vontade em tirar dúvidas com um outro estudante, mesmo que mais velho. Há uma proximidade maior. “Gostaria que meus alunos tivessem a liberdade de me perguntar qualquer coisa, mas muitos não são assim”, Zara explica. “Além do mais, a vivência que o monitor tem da disciplina é mais próxima da vivência do aluno. Como acabou de cursar a disciplina, tem uma sensibilidade grande em perceber aquilo que é mais difícil de aprender”.
O valor pago aos monitores era, no princípio, vinculado ao salário mínimo, porém isso mostrou-se inviável com o passar do tempo. Ainda assim, a bolsa de monitoria do IME continua sendo significativamente maior que os valores pagos por outros programas de apoio da Universidade. O Instituto, inclusive, dá um complemento financeiro aos alunos do IME que participam de outros programas da Universidade que se assemelham ao de monitoria para que o valor da bolsa fique equivalente ao das bolsas do próprio IME. “Mesmo nos momentos financeiros mais difíceis do Instituto essa prática nunca foi questionada”, conclui Coelho.