São Paulo (AUN - USP) - Esta área da computação envolve pesquisas cujo principal objetivo é evitar que dados sejam acessados por pessoas não autorizadas, evitando assim fraudes. É extremamente ampla, cobrindo tanto a área militar quanto a civil e indo desde códigos em cofres de bancos até a realização de chamadas em um aparelho celular comum. Divide-se em três categorias, segundo o nível de segurança obtido: segurança alta, empregada principalmente em ambientes de guerra para uso militar; segurança média, utilizada, por exemplo, em transações bancárias; e segurança baixa, que inclui o acesso a ambientes por cartão magnético, entre outras.
Há uma tecnologia adequada para cada um desses níveis, variando significativamente de preço. “A questão é ‘qual o objeto a ser protegido?’. Essa resposta é que vai justificar o investimento”, diz o professor Routo Terada, que desenvolve pesquisas nessa área no Instituto de Matemática e Estatística da USP (IME). “A segurança presente em nosso bilhete único, por exemplo, não envolve um nível de segurança que justifique um investimento alto”.
Aqui no Brasil é raro encontrar empresas que financiem pesquisas nessa área, sendo uma ou outra multinacional. Geralmente as empresas são apenas usuários desses produtos, a não ser no caso de bancos, cujas operações principalmente de internet banking envolvem muitas fraudes. Nesses casos, são financiadas pesquisas aplicadas, cujo caráter difere da pesquisa pura desenvolvida na universidade, que não tem um objetivo tão imediato.
Para Routo, “existe o lado de ‘apagar fogo’”, em que muitas empresas chamam especialistas no assunto para resolver situações pontuais e específicas de alguma fraude que ocorreu em seus sistemas e que necessita de uma solução emergencial. A pesquisa na universidade, por outro lado, é mais tranquila. “É claro que esses dois lados estão frequentemente em negociação”, Routo explica, acrescentando que os fornecedores também entram nesse jogo.
Trata-se, para ele, de uma espécie de jogo de xadrez, em que “você tem um mecanismo de segurança pronto e os mal-intencionados encontram um jeito de burlar, então o pessoal da prevenção tem que agir de novo”. Mesmo assim, o investimento das empresas em pesquisa nessa área ainda é muito pequeno no Brasil se comparado ao de outros países com mais tradição. “Aqui nós estamos querendo que isso aconteça, mas ainda é muito incipiente”.
No IME, a atividade de pesquisa nessa área trabalha os vários níveis, possuindo inclusive uma parte quase militar destinada a proteger a comunicação sigilosa entre países e a troca de mensagens diplomáticas. A criptografia é, inclusive, uma das principais frentes de pesquisa do Instituto. “Envolve pegar um documento eletrônico e transformá-lo em outro, criptografado, ilegível, de modo que só o destinatário desejado terá os meios de recuperar o documento original. Serve não só para dígitos como também para a voz”, diz Routo, fazendo alusão a um recente resultado obtido em suas pesquisas.
“É muito fácil captar no ar os sinais de celular, então é preciso proteger o diálogo”, ele alerta. A telefonia digital conta com mecanismos para criptografar, ou seja, embaralhar a voz. Recentemente foi desenvolvido um mecanismo deste tipo com importante participação do Instituto. Este mecanismo permite que apenas o destinatário da ligação possua a chave para desembaralhar a voz, já que essa chave é o seu próprio número de celular.