ISSN 2359-5191

21/07/2011 - Ano: 44 - Edição Nº: 74 - Ciência e Tecnologia - Instituto de Matemática e Estatística
Novo software promete melhorar teclados para deficientes físicos

São Paulo (AUN - USP) - Uma das questões pesquisadas hoje pela visão computacional (computador observando o usuário) é o eye typing, ou seja, digitar um texto com o olhar. As aplicações se dão principalmente no caso de pessoas com deficiência que as impeça de digitar da maneira tradicional, mas também no caso de digitação simultânea a outra atividade que ocupe as mãos. Existem várias maneiras de identificar quando uma letra deve ser acionada, mas todas elas baseiam-se em uma câmera no computador que identifica onde está o foco do olhar no usuário.

No Instituto de Matemática e Estatística da USP (IME) está sendo desenvolvido um programa deste tipo e que busca solucionar um problema recorrente nos outros softwares disponíveis no mercado. Segundo Carlos Morimoto, coordenador do grupo de pesquisas responsável pelo projeto, a falha dos outros programas “é que você nunca pode desligar o olhar, tem que estar sempre concentrado naquilo que você está escrevendo sem poder parar para pensar”.

Para contornar isso, o grupo desenvolveu um teclado visual duplo, que aparece na tela do computador. No teclado da parte superior a pessoa pode caminhar com o olhar por todas as teclas e demorar o tempo que precisar sobre elas. Para selecionar o caractere que deseja digitar, basta movimentar rapidamente o olhar para a mesma tecla, porém no teclado de baixo, que é exatamente igual ao superior. É deste movimento de transição rápida do olhar que a câmera capta o comando de digitação. “Tem uma preocupação maior com a questão de conforto, fadiga, velocidade, etc.” diz Carlos sobre o diferencial do projeto.

Esta transição rápida do olhar recebe o nome técnico de mudança de contexto e, com base nesse conceito, o grupo de pesquisas está realizando outras pesquisas além do teclado. “Estamos utilizando esse mesmo paradigma para realizar, por exemplo, seleção de fotos ou mesmo edição de imagens”, diz Carlos sobre os estudos ainda em curso, mostrando que é possível estender o método para outras aplicações.

Uma das dificuldades encontradas pelo grupo hoje é a dimensão das telas dos computadores comuns, nas quais não cabe uma quantidade grande de teclas para ocupar o teclado virtual. Além do mais, não há precisão suficiente para que a câmera consiga distinguir o foco do olhar sobre teclas muito pequenas. Para aproveitar melhor esse espaço sem perder nenhuma função do teclado os pesquisadores estão trabalhando em um sistema de digitação semelhante ao dos celulares, em que com apenas nove teclas é possível digitar o alfabeto inteiro.

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