ISSN 2359-5191

29/08/2011 - Ano: 44 - Edição Nº: 77 - Sociedade - Instituto de Estudos Avançados
Acadêmicos veem problemas complexos no panorama brasileiro

São Paulo (AUN - USP) - Discutir os novos temas, as dificuldades que se tornaram mais complexas e as situações que vão além dos problemas básicos de um país que está crescendo e se desenvolvendo. Essa foi, segundo Simon Schwartzman, a maior motivação para a organização do livro Brasil: a nova agenda social. O sociólogo e os professores Edmar Bacha, André Portela de Souza e Leandro Piquet Carneiro se reuniram em uma mesa-redonda promovida pelo Instituto de Estudos Avançados (IEA/USP) no último dia 17 para discutir a obra.

De acordo com Schwartzman, a ideia é apresentar as novas questões que dizem respeito a saúde, previdência social e políticas de renda, educação e segurança pública. Os indicadores clássicos, isto é, dados como mortalidade infantil, expectativa de vida, número de alunos matriculados em escolas e PIB per capita vêm mostrando uma evolução nos últimos anos, o que indica uma relativa superação dos problemas básicos. “Agora temos que olhar mais aprofundadamente. Por exemplo, oferecemos escola para a maioria dos alunos, mas a educação é de qualidade? As barreiras a serem superados agora são outras”, explica o professor.

Ainda segundo Schwartzman, cada uma das áreas tem suas próprias características e dificuldades, mas todos os campos são perpassados e recebem influência principalmente da qualidade da administração pública. Como os desafios contemporâneos vão além da trivialidade, a exigência de uma estrutura de poder administrativo competente é muito maior. Este acaba por ser um aspecto comum a todos os assuntos abordados no livro.

Educação
Schwartzman é categórico ao dizer que o Brasil possui pouca inteligência para gerir políticas públicas na área da educação: “Precisamos mudar essa burocracia que nos impede de melhorar. Temos consciência dos problemas, mas não transformamos essa noção em políticas efetivas”.

Entre as dificuldades da educação estão a qualidade da formação de professores que deixa a desejar, a falta de estímulo a esse profissional e a ausência de um sistema educacional que seja passado claramente ao docente e seguido por todas as escolas. Além disso, a instituição de um modelo de valorização apenas do ensino clássico, isto é, ensino fundamental, médio e depois superior, desfavorece a formação técnica. “Esse sistema é muito rígido, o mercado não reconhece a educação oferecida por escolas técnicas e cursos tecnólogos, que são igualmente importantes para a educação”, diz ele.

Políticas sociais
Para André Portela de Souza, pesquisador da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e responsável pelo capítulo sobre as políticas e programas sociais brasileiros, o programa mais conhecido, o Bolsa Família, possuía a princípio dois objetivos principais. A curto prazo, aumentar a capacidade de compra e as chances de subsistência de famílias desfavorecidas distribuídas pelo país afora; a longo prazo, melhorar permanentemente as condições dessas famílias, uma vez que a exigência da matrícula das crianças em escolas aumenta as chances de elas um dia obterem melhor qualificação para o mercado de trabalho.

No primeiro objetivo, o Brasil obteve sucesso. “Foi uma boa focalização, o programa chegou aos mais pobres e conseguiu reduzir o número de famílias vivendo na miséria”, afirma o professor. Já no segundo deles não é possível saber, pois não foi realizada nenhuma pesquisa com as famílias que recebem o auxílio há muito tempo. André acredita que o Bolsa Família não teve o mesmo impacto nesse aspecto, embora não possa exemplificar com dados.

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