São Paulo (AUN - USP) - A Faculdade de Odontologia (FO) da Universidade de São Paulo (USP), em parceria com algumas empresas privadas, inaugurará, em 2012, o Centro de Pesquisas Clínicas (Cepec). A criação do espaço tem a proposta de ampliar a produção científica na área clínica existente hoje no Brasil. De acordo com o professor Fabio Daumas Nunes, vice-presidente da Comissão de Pesquisa, a Universidade dispõe de recursos humanos importantes para o desenvolvimento de pesquisas, mas ainda precisa de muitos incentivos na área tecnológica.

O Centro produzirá pesquisas agregando todos os departamentos da FOUSP, o que lhe garantirá um caráter multidisciplinar e possibilitará maior interação entre as áreas. “Vamos concentrar as pesquisas clínicas em um só lugar, proporcionando ao paciente um tratamento muito mais completo”, explica Claudio Mendes Pannuti, presidente da Sub-Comissão de Pesquisa Clínica. A estrutura física do Centro já existe e pertence à USP, mas é separada do prédio da faculdade. No momento são feitas reformas na área administrativa e é aguarda a chegada dos equipamentos, que virão depois de consolidar as parcerias privadas.

Essas parcerias poderão ser firmadas com empresas que desejem fazer testes de segurança e eficácia de produtos. Na hora de publicar artigos sobre as descobertas, a autoria será dos pesquisadores da FO, agregando, com isso, novas produções científicas para a Universidade e tratamentos de ponta aos participantes. Também será possível que o Centro faça testes de medicamentos desenvolvidos por outras unidades da USP.

De acordo com o ranking elaborado pelo portal SCimago, que inclui as revistas científicas e os indicadores de países a partir de informações contidas no banco de dados Scopus de 1996 a 2010, o Brasil ocupa o 4° lugar mundial em produção científica odontológica, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, Japão e Reino Unido. Se comparados apenas os trabalhos realizados em 2010, ele sobe para segundo lugar. “Já temos tradição em pesquisa acadêmica. O que precisamos é profissionalizar mais os métodos para descobrirmos novos produtos, usando novas tecnologias”, aponta Nunes.

Ao destacar como o mercado tem se tornado cada vez mais exigente em controle de qualidade, Pannuti disse que o centro suprirá a necessidade de adequar as pesquisas às normas internacionais, as chamadas boas práticas clínicas. Conhecidas pela sigla GCP (do inglês Good Clinical Practice), essas normas serão aplicadas para que os medicamentos e tratamentos descobertos no CEPEC possam ser reconhecidos tanto pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), como pelos demais órgãos internacionais de registro.

Para Nunes, o Cepec estimulará a produção de novos tratamentos de doenças bucais, além de aperfeiçoar os que já existem. Segundo expectativas do professor, o Centro colocará a FOUSP em posição de destaque nas pesquisas de ponta do mundo, atraindo mais investimentos e contribuindo na formação de profissionais capacitados para as mais diversas áreas de pesquisa.