São Paulo (AUN - USP) - No dia 3 de setembro ocorrerá a terceira edição do Bio na Rua, organizado por alunos do Instituto de Biociências (IB) da USP. O evento ocorrerá no Parque do Povo a partir das 8 da manhã e é gratuito e aberto ao público. Trata-se de um projeto de extensão em que os estudantes buscam aproximar os conhecimentos de biologia ao cotidiano das pessoas, de maneira didática e criativa.
Este ano é especial para os participantes do projeto, pois o Bio na Rua completa dez anos de existência. A iniciativa foi da Universidade Federal de Santa Catarina e ganhou outras faculdades principalmente por meio dos encontros nacionais e regionais de estudantes de biologia.
Quem organiza esse projeto no IB é o Centro Acadêmico da biologia (Cabio), com ajuda de alunos que não são necessariamente parte dele. “A gente divulga o evento logo no começo de agosto, então são feitas reuniões semanais e as pessoas vão trazendo as idéias do que querem fazer”, conta Camila Beral, estudante do terceiro ano de biologia e organizadora do evento. O primeiro desafio é selecionar o que será feito. “A maior dificuldade é que cada grupo tem a sua idéia e a gente tem que fazer com que no final aconteça algo coeso”, completa Camila.
Essa liberdade com que trabalham os mais de 50 alunos que participam desta edição do projeto resulta na diversidade de atividades que ocorrem no evento. Na parte de explicações, o grande uso de materiais didáticos garante a interatividade com o público, que se mantém mais interessado. “A parte de materiais de contato também é muito importante”, diz Jorge Audino, do quarto ano de biologia e integrante do Cabio. “Plantas, esqueletos, animais empalhados, a gente tenta levar uma variedade de materiais bem grande”. Além disso, entram na programação oficinas e demonstrações de experimentos. Alguns dos temas desse ano são: plantio e manutenção de plantas carnívoras, horta urbana, aquarismo, reciclagem, fogão solar e bem-estar animal.
Como projeto de extensão, o evento cumpre o papel dar à sociedade um retorno do que é feito na Universidade. “Nosso objetivo é tentar a aproximação entre o conteúdo que é visto aqui na faculdade e as pessoas, afinal tudo o que é feito aqui é custeado pela população”, explica Jorge.
Para a realização do Bio na Rua, os estudantes contam com o apoio financeiro da Pró-Reitora de Cultura e Extensão (CCEx) e auxílio do IB no que se refere a infra-estrutura, como empréstimo e transporte dos materiais, alimentação dos monitores, divulgação, entre outros. “Acho que a organização dá certo porque a gente tem apoio e consegue realizar tudo o que vamos ‘inventando’”, explica Jorge. “E vice-versa, eles só conseguem o apoio porque trabalham com seriedade. É uma via de mão dupla”, completa Beatriz Pacheco, professora do IB e membro da CCEx.
Ensino não-formal
Outro ponto importante abordado pelo Bio na Rua é a questão do ensino não-formal, ou seja, aquele que ocorre em locais como museus, zoológicos e parques. “A principal diferença entre o ensino formal, nas escolas, e o não-formal é que nele você vivencia a experiência”, explica Viviane Rachid, coordenadora e executora das atividades educacionais do zoológico de Sorocaba. “Hoje em dia é muito fácil a criança buscar fontes alternativas de informação. Por isso o grande desafio é despertar o interesse dela”.
Para Alessandra Fernandes Bizerra, professora do Departamento de Zoologia do IB e pesquisadora na área, “o aprendizado não se dá só na escola, ele é um processo. Um museu ou um parque é mais um espaço onde as pessoas se constroem como indivíduos, mas nós estamos muito condicionados a pensar que apenas a escola é esse espaço”.
Ela se mostra bastante otimista em relação à iniciativa dos estudantes: “Fico muito feliz em ver essa articulação e autonomia dos alunos ao desenvolverem esse projeto. Acho impressionante porque a gente tem tudo muito formalizado, enquanto eles trabalham com as necessidades imediatas. E além de levar conhecimento para a população, eles se formam também como monitores”.
Não só crianças se beneficiam com este tipo de atividade. Já existem programas de ensino não-formal voltados exclusivamente para a terceira idade. “É muito precioso, um trabalho muito bacana [com a terceira idade]. É um erro pensar que essas pessoas não se preocupam mais com o meio ambiente ou possuem idéias que não podem ser modificadas. É muita presunção”, conta Viviane.
Serviço
Bio na Rua
Quando? Dia 3 de setembro, a partir das 8 horas.
Onde? Parque do Povo.