São Paulo (AUN - USP) - A sustentabilidade é um tema recorrente na mídia e se tornou uma preocupação dos consumidores. É muito fácil reconhecer as posições extremas nessa discussão, segundo Marco Conejero, as empresas de agronegócio e as instituições ambientalistas. Porém existe sim um meio termo, as associações de interesse privado.
Essas associações atuam como forma de coordenação setorial, como um guia para empresas associadas. Não fazem apenas lobby do setor, mas também trabalham com administração de informação, com a capacitação de associados, com marketing institucional e setorial e incentivam a sustentabilidade, através da produção de normas, de padrões de produção e de operação.
Um exemplo de associação desse tipo é a Pró Soja no Mato Grosso, que trabalha com informação, arte, marketing, capacitação de trabalhadores.
Pensando na valorização de mercadorias e empresas pelo apelo social e ambiental, Conejero escreveu sua tese de doutorado na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP (FEA), com o objetivo de propor, com base em experiências de sucesso e na análise dos pontos positivos de cada caso, um método para planejamento de estratégias em associações de interesse privado, que teriam um papel de regulação setorial.
O estudo foi realizado com base em casos no Brasil, na Colômbia e na Argentina em relação às produções de soja, café e cana-de-açúcar. Nesses países, esse tipo de associação serve como interlocutor entre as empresas e o governo, mas também tem o papel de monitorar as ações de seus membros.
Para Marco Conejero, as associações de interesse privado correspondem a uma nova vertente da concorrência entre empresas. “Padrões de concorrência se modificam com o tempo, como respostas a mudanças institucionais, tecnológicas, do ambiente competitivo e o debate em torno da sustentabilidade é entendido aqui como uma elevação do padrão de concorrência para atender a novos critérios sócio-ambientais demandados”, explica o pesquisador.
É importante ter em mente que esse novo padrão de concorrência pode implicar em mudanças organizacionais, “o movimento da sustentabilidade trouxe novamente a necessidade de re-planejamento das associações de representação com desenvolvimento de novas competências”, explica Conejero.
De qualquer maneira, é possível perceber que as discussões sobre sustentabilidade estão moldando cada vez mais o cenário agroindustrial.