ISSN 2359-5191

01/09/2011 - Ano: 44 - Edição Nº: 79 - Meio Ambiente - Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas
Geofísica ainda não prioriza suficientemente questões ambientais

São Paulo (AUN - USP) - Profissionais e estudantes de geofísica deveriam se atentar mais para aplicação de métodos geofísicos na solução de problemas ambientais. Esses procedimentos e a eficiência de seus resultados ainda são pouco disseminados. Assim, a geofísica permanece como uma ciência voltada para mapeamento e gestão de recursos minerais.

Foi essa a novidade trazida pelo professor Juarez Fontana dos Santos, doutor em Geologia, em um seminário que discutiu "Geofísica Aplicada ao Gerenciamento dos Recursos Minerais Naturais” no Instituto de Astronomia e Geofísica da Universidade de São Paulo no dia 25 de agosto.

O pesquisador destacou a possibilidade da aplicação da ciência em casos de contaminação de água e reflorestamento, métodos muitas vezes desconhecidos pelo mercado e pelos próprios estudantes de Geofísica.“Muitas empresas contratam e recorrem ao geofísico mesmo sem saber que tipo de serviço ele pode realizar. Se pode utilizar a geofísica numa multiplicidade enorme de coisas”, diz ele.

Indústrias nacionais já utilizam a aplicação da radiometria, técnica de medição da energia contida na radiação eletromagnética, para a estimação de tempo para os programas de corte florestal. A indústria de papel e celulose depende do reflorestamento do eucalipto. O Brasil é o único país que produz celulose por revegetação programada e o eucalipto tem três épocas diferentes de corte, a primeira aos sete anos, completando o ciclo aos 21 anos. A questão é que o engenheiro florestal faz as áreas de plantio segundo a rotação de corte, mas quando alguns pés têm períodos de crescimento diferente não é possível saber quais já podem ser cortados.

Por meio da comparação de imagens de satélite feitas por radiometria em uma área piloto, que considera o volume de celulose, o grau de umidade e outros parâmetros biológicos, é possível mapear todas as outras áreas semelhantes e fazer o corte. Segundo Juarez dos Santos, o método é muito prático e nível de erro é mínimo. A radiometria também pode ser utilizada no controle florestal fazendo o mapeamento de áreas queimadas.

Foi outro método geofísico que solucionou o caso de contaminação do lençol freático por necrochorume, do cemitério da Vila Rezende na área urbana de Piracicaba-SP. O necrochorume é uma substancia liberada na decomposição dos cadáveres enterrados e contém bactérias patogênicas. O problema era identificar qual o fluxo da pluma, ou seja, o fluxo do material contaminado nas águas subterrâneas a partir do cemitério.

“A solução foi estabelecer barreiras de impermeabilização para conter o fluxo dessa pluma. E a eletrorresistividade que achou a solução, mapeando o fluxo. É um método barato e rápido”, explicou o professor Juarez. O método consiste em empregar uma corrente elétrica no terreno pra calcular a resistividade aparente em superfícies subterrâneas. Assim foi possível identificar a posição e o fluxo do material contaminado no subsolo.

“Nunca pergunte para o geofísico o que ele deve fazer, sempre coloque o problema para ele, e aí ele vê qual método seria aplicado”, afirmou Juarez dos Santos justificando a importância das universidades exporem a versatilidade de aplicações práticas dos métodos geofísicos.

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