São Paulo (AUN - USP) - Entre os dias 22 e 25 de agosto, o Auditório da Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) da Universidade de São Paulo recebeu a IV Semana de Marketing Esportivo. O seminário, realizado em parceria entre a empresa EEFUSP Júnior Consultoria e Eventos Esportivos e a revista Máquina do Esporte, trouxe diversos profissionais de alto escalão do ramo de marketing esportivo.
O evento de grande porte era voltado a formação e especialização de profissionais e estudantes de várias áreas da educação física, administração, comunicação e todas que envolvam marketing e esporte. Foram duas palestras por dia de evento que consistiam, basicamente, em exposições de cases de sucesso de marketing esportivo de diversas empresas, como o grupo ESPN, 9ine, Koch Tavares, entre outros.
O primeiro dia de palestras contou com a presença do gerente geral do Pão de Açúcar Esporte Clube (Paec), Thiago Scuro. O projeto visa a formação de novos talentos do futebol e busca atrair investimentos, seja pela visibilidade do time (publicidade) ou pela comercialização de atletas.
Para a formação do time inicial, o grupo Pão de Açúcar promoveu um concurso de “democratização de acesso ao futebol”, convocando garotos interessados. Foram aproximadamente 72 mil inscritos que passaram por peneiras e jogos, até a final do concurso que formou o elenco do Paec. A partir dos 500 últimos, o curso mostrava seu viés social: os que ficavam pelo caminho eram encaminhados às Escolas de Varejo do Pão de Açúcar, que davam orientação profissional aos que não seriam atletas. O grande sucesso do projeto fez com que ele fosse ampliado e chegasse ao Rio de Janeiro, com o nome de Sendas Esporte Clube. Investindo forte na captação e estrutura para formar atletas, o Paec subiu nos campeonatos, chegando à série A2 do Campeonato Paulista e revelando atletas de alto nível, que hoje compõe elencos de grandes times do Brasil. É o caso do zagueiro Bruno Uvini, jogador do São Paulo e capitão da Seleção Brasileira Sub-20.
Considerado um sucesso, o Paec tem por princípio atender as necessidades do atleta em sua formação através do planejamento. Scuro é bastante enfático: “Muitos projetos são interrompidos no meio, pois não há planejamento prévio”, diz. “Começar hoje já é tarde, o Brasil não deve ter resultados tão melhores em 2016. Antes de quatro anos [de planejamento] é tudo prodígio ou acidente”. Recentemente, o Paec mudou de nome, buscando identificação e captar torcedores, trazendo, por consequência, mais investimentos. Agora o time se chama Audax São Paulo.
A segunda palestra, com Erich Beting, editor executivo da Máquina do Esporte, mostrou a importância e valor dos direitos de transmissão televisiva para o esporte.
Em um comparativo, Beting mostrou a diferença entre as verbas investidas no futebol e em outros esportes no Brasil. A diferença é gritante: o futebol gira verbas de cerca de R$ 1 bilhão entre veículos de comunicação, associações e clubes. Enquanto isso, o vôlei, segundo colocado na lista, gira R$ 9 milhões. Isso cria uma carga de investimentos incrivelmente desiguais entre esportes, fazendo com que a luta diária dos departamentos de marketing das ligas esportivas seja correr atrás de patrocinadores interessados em investir, mesmo com as menores cargas de exposição. Cria-se um grupo de patrocínios voltados a nichos, públicos específicos, que acompanham o esporte em questão. “Os direitos de transmissão dão dinheiro para o esporte, isso melhora a gestão das ligas, melhorando o produto”, explica Beting, lamentando a concentração desses recursos no mercado do futebol.