São Paulo (AUN - USP) - No final de agosto, o Auditório da Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) da Universidade de São Paulo recebeu a IV Semana de Marketing Esportivo. O seminário, realizado em parceria entre a empresa EEFUSP Júnior Consultoria e Eventos Esportivos e a revista Máquina do Esporte, trouxe diversos profissionais de alto escalão da área.
O segundo dia de evento contou com a presença de Evandro Guimarães, diretor de operações, e Fábio Kadow, gerente de atletas, da 9ine, empresa de marketing esportivo presidida pelo ex-jogador Ronaldo. A 9ine foi criada a partir da junção entre o Fenômeno e o grupo WPP. O principal objetivo é gerenciar a imagem de atletas de ponta, criando tanto identificação entre ídolos e fãs – que fortaleceria a prática esportiva e a formação de novos atletas – como atração de investidores no atleta e no esporte.
A empresa utiliza a publicidade para transformar nomes em verdadeiras marcas consolidadas. A promoção da imagem desses atletas ajuda a quebrar estereótipos, popularizando o esporte e captando, naturalmente, novos atletas e investimentos publicitários. Portanto, o trabalho da empresa traz, mesmo que indiretamente, um duplo benefício. No caso do UFC, a imagem agenciada de Anderson Silva faz com que mais pessoas se interessem pelo esporte e, para o investidor, é criada uma alternativa em que ao invés de atrelar sua marca à luta, pode-se relacioná-la ao atleta.
A carta de clientes da 9ine é restrita e bem selecionada. São seis referências: Anderson Silva (campeão do UFC), Falcão (jogador de futsal), Neymar (jogador do Santos), Lucas (jogador do São Paulo), Danilo Couto (surfista de ondas gigantes) e Pedro Barros (campeão mundial de skate). “São poucos e bons, mas o essencial é que falem com públicos diferentes”, explica Guimarães. “Ter o Ronaldo na equipe é essencial. Ele é uma referência de marketing desde os tempos de jogador, com contratos incríveis associados à sua imagem. Por isso, agora, ele é o homem dos contatos”, completa.
A segunda palestra do dia foi ministrada por Alcides Procópio Júnior, o Cidinho, diretor de marketing da Koch Tavares, principal organizadora do Brasil Open de Tênis.
Percorrendo os 11 anos de história do evento, organizado em um luxuoso resort na Costa do Sauípe (marco turístico da Bahia), Cidinho discorre detalhes sobre todo o planejamento de um reconhecido evento da ATP (Association of Tennis Professionals). Dado o requinte adquirido pelo Brasil Open, tendo em vista sua localização, conforto e público, as ações de marketing da organização se voltaram para o networking entre empresas – o evento tornou-se um ambiente de grandes negociações aliado ao entretenimento esportivo. A presença das grandes empresas dá maior visibilidade ao evento e instiga os investidores a colocar recursos no campeonato. Cidinho explica: “O tênis acaba sendo um plano de fundo para ações de relacionamento de grandes empresas”. Um campeonato mais organizado e com mais dinheiro investido, consequentemente, cresce em nível esportivo.
Além de utilizar as características naturais do evento para captar recursos, a Koch Tavares buscou, desde o início, trazer grandes atletas para o torneio. Em sua primeira edição, em 2001, o foco era trazer o maior tenista brasileiro de todos os tempos, Gustavo Kuerten.
No ano anterior, Guga era líder do ranking da ATP e campeão de Roland-Garros, ele seria o principal chamariz de público e investimentos. Nos anos seguintes, outros astros do tênis nacional e internacional passaram pela Costa da Sauípe para o torneio, como Rafael Nadal, Thomaz Bellucci, Nicolás Almagro, Juan Carlos Ferrero, entre outros.
Segundo Cidinho, o Brasil Open de Tênis – além de uma oportunidade de ver grandes tenistas em solo brasileiro, com uma estrutura digna de evento internacional – tornou-se uma área de negociações entre grandes empresas, captando ainda mais investimentos no evento, criando um ciclo infinito e favorável ao esporte brasileiro.