ISSN 2359-5191

16/09/2011 - Ano: 44 - Edição Nº: 85 - Saúde - Faculdade de Odontologia
Fumantes têm menos chances de recuperar estrutura que sustenta dentes
Estudo revela que sucesso no tratamento da periodontite é maior entre aqueles que conseguem abandonar o cigarro

São Paulo (AUN - USP) - Quem fuma nem sempre sairá feliz de uma ida ao dentista. Se a pessoa tiver periodontite, uma doença que pode causar a queda dos dentes, seu tratamento será bem mais difícil, podendo até não dar certo. É o que mostra um estudo feito pela Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (FOUSP), em conjunto com o Ambulatório Antitabágico do Hospital Universitário (HU) da USP. Os fumantes fazem parte do grupo de risco mais atingido pela doença que, em casos extremos, provoca até problemas cardiovasculares. Outros estudos, como um levantamento feito nos Estados Unidos, mostram que eles têm até sete vezes mais chances de adquirir a doença do que um não-fumante.

A pesquisa foi apresentada no Congresso da International Association for Dental Research, principal evento na área de pesquisa odontológica, realizado na Califórnia no primeiro semestre desse ano, e continua sendo executada na FOUSP. O projeto inicial contou com a participação de 93 pacientes que apresentavam periodontite em grau severo e que foram acompanhados durante doze meses. Além do tratamento odontológico, todos receberam aconselhamentos, terapia de reposição de nicotina (como o uso de gomas de mascar ou adesivos), ajuda de psicólogos e medicamentos antidepressivos para auxiliar no controle do vício. No final do período, apenas 52 pessoas concluíram o tratamento. Dessas, 33% pararam de fumar.

No estudo observou-se que os pacientes que abandonaram o cigarro tiveram mais milímetros de adesão da gengiva ao dente, comparado aos que continuaram a fumar. “Todos receberam o tratamento odontológico, mas aqueles que pararam de fumar tiveram um ganho superior aos que continuaram com o hábito”, comenta Cláudio Pannuti, presidente da Sub-Comissão de Pesquisa Clínica da Faculdade. Até então, a odontologia no Brasil não tinha estudos que mostrassem os ganhos reais de se parar de fumar para o tratamento.

As consequências da periodontite
“Normalmente as pessoas pensam que estão com gengivite”, explica a Ecinele Rosa, coordenadora do projeto na FOUSP. A gengivite, na verdade, é uma inflamação superficial da gengiva, como completa Pannuti. A periodontite é uma doença mais séria, que destrói o ligamento existente entre o dente e o osso, deixando a gengiva solta e comprometendo a sustentação da estrutura. O tratamento utilizado tem o objetivo de recompor a adesão da gengiva ao dente, para que ela o segure mesmo que o osso tenha sido afetado pelo problema.

Como o cigarro ataca a saúde bucal
Dependendo do grau em que se encontra a doença, quem fuma também consegue se tratar. O problema é que, com o tempo, os mesmos problemas voltam. “Existem os fatores biológicos que o fumo ataca e são precisas células de defesa para refazer a ligação entre a gengiva e o dente”, explica a doutora. Isso acontece porque o cigarro causa três tipos de danos principais à boca:

Alteração no sistema imunológico do paciente, afetando os neutrófilos, as principais células de defesa encontradas na boca, responsáveis por deter as bactérias.

Destruição das células que aderem o osso ao dente, conhecidas pelo nome de fibroblastos. Quando essas estruturas são afetadas, a resposta ao tratamento é prejudicada.

Problemas na circulação sanguínea da gengiva. Quando uma pessoa fuma, a quantidade necessária de sangue para levar novas células de defesa no combate às bactérias não consegue chegar ao seu destino.

Além disso, quanto maior a quantidade de cigarros, maiores as chances de ocorrer a periodontite. Outra variável é a quantidade de anos que a pessoa fuma. Quanto mais anos, mais debilitadas são as resistências da boca.

Para participar do programa
O estudo foi publicado, mas os tratamentos continuam. Quem quiser fazer parte do programa deve se dirigir ao HU, onde será feita a triagem e dada a orientação necessária sobre os próximos passos. O hospital fica dentro da USP, na Av. Professor Lineu Prestes, 2565, no bairro do Butantã. Mais informações no telefone (11) 3091-9337 e no site http://www.tabagismo.hu.usp.br/.

Leia também...
Nesta Edição
Destaques

Educação básica é alvo de livros organizados por pesquisadores uspianos

Pesquisa testa software que melhora habilidades fundamentais para o bom desempenho escolar

Pesquisa avalia influência de supermercados na compra de alimentos ultraprocessados

Edições Anteriores
Agência Universitária de Notícias

ISSN 2359-5191

Universidade de São Paulo
Vice-Reitor: Vahan Agopyan
Escola de Comunicações e Artes
Departamento de Jornalismo e Editoração
Chefe Suplente: Ciro Marcondes Filho
Professores Responsáveis
Repórteres
Alunos do curso de Jornalismo da ECA/USP
Editora de Conteúdo
Web Designer
Contato: aun@usp.br