ISSN 2359-5191

25/05/2000 - Ano: 33 - Edição Nº: 07 - Ciência e Tecnologia - Instituto de Biociências
Parceria universitária combate danos à fruticultura

São Paulo (AUN - USP) - Estima-se que o prejuízo direto causado pelas pragas na fruticultura brasileira seja da ordem de 150 milhões de dólares por ano. Por isso, o país tem se unido a outras nações de clima tropical da América do Sul em projetos para o combate dos mosquitos predadores. Composta por um grupo especializado de biólogos, cientistas, iniciativa privada e governo (sendo os dois últimos responsáveis pelo financiamento), a ajuda mútua deu certo.

Uma das conquistas recentes no combate às pragas de frutas contou com a orientação do professor Aldo Malavasi, do Departamento de Botânica do Instituto de Biociências da USP (IB-USP), no chamado Carambola Fruit Fly Programme, projeto quadrinacional que já erradicou a mosca-da-carambola nos estados brasileiros produtores, também em quase todo o Suriname e nas Guianas.

As parcerias não visam somente a destruição das pragas, mas também o investimento na produção, na exportação e em melhorias nas condições de trabalho dos produtores. Dentre os órgãos financiadores e prestadores de serviços estão várias universidades públicas, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a Organização dos Estados Americanos (OEA), que têm interesse particular no desenvolvimento nos pomares sem danos ao meio ambiente.

Segundo Aldo, os métodos são extremamente eficazes, pois a prática é o controle biológico específico, ou seja, eliminam-se as pragas utilizando substâncias que só irão atingi-las, sem poluir o ambiente com inseticidas. "Com todas as etapas monitoradas, não há risco", garante o professor, que conta com a ajuda de estudantes de pós-graduação e cientistas de várias universidades brasileiras, ministrando aulas sobre as técnicas e aprimorando-as juntamente com sua equipe.

A USP esteve envolvida em numerosos projetos como esse, na tentativa de erradicar os mais variados tipos de pragas. Recentemente foi fechado o acordo de exportação de mamão para os países asiáticos, depois de anos de pesquisa para o combate à praga. O modo encontrado surpreende pela facilidade: o mamão já maduro é colocado em um recipiente contendo água bem quente. A temperatura elevada da água basta para a extinção dos vermes parasitóides. "Os resultados são recompensadores; o Brasil pode ganhar e muito com a exportação, e isso custeia todo o processo, que é visivelmente simples."

O professor observa ainda que o país necessita de uma produção mais organizada e tecnologicamente competitiva, visto o potencial, a facilidade do combate às pragas e o alto nível dos profissionais da agricultura. "O setor frutífero emprega mão-de-obra, mesmo nos dias de hoje. Enquanto nos grandes latifúndios de terra, com plantações gigantescas de grãos, há desemprego crescente, nos pomares há emprego sendo gerado, ano a ano, tanto para pesquisadores de nível superior quanto para os pequenos produtores."

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