São Paulo (AUN - USP) - Um robô que está sendo desenvolvido pela Escola Politécnica da USP deve facilitar o processo de exploração de petróleo em águas profundas. Concebido em conjunto com o Cenpe (Centro de Pesquisas da Petrobras) e a UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), o equipamento terá como missão, em um primeiro momento, recuperar sinalizadores marítimos chamados transponders em profundidades superiores a mil metros. A extensão do projeto pretende capacitar o robô a ligar poços de petróleo a plataformas marítimas por meio de tubulações flexíveis.
O projeto, que terá custo de aproximadamente R$ 700 mil, tem conclusão prevista para o final de 2001, quando, após os testes, o robô estará capacitado a operar em águas profundas. Segundo o professor Julio Cezar Adamowski, coordenador do projeto de pesquisa, o robô deve executar o resgate dos transponders de forma semi-autônoma. Para isso, ele será lançado ao mar a alguma distância desses sinalizadores e, enviando e recebendo sinais de ultra-som, chegará até eles e os recolherá. Os transponders auxiliam navios a se manterem parados em relação ao fundo do mar, sem necessidade de âncoras, também por meio de sinais de ultra-som. Quando o navio termina suas tarefas, não há mais necessidade desses sinalizadores, que então são removidos e reaproveitados.
Atualmente, esta tarefa é executada por um robô chamado ROV, multifuncional, que é controlado por seres humanos. De acordo com Adamowski, o processo acaba se tornando mais demorado e mais caro: além do comando humano, a operação do ROV exige embarcações especiais. O robô, além de dispensar o controle humano, prescindirá de navios especiais, necessitando apenas que a embarcação que o leva seja capaz de reconhecer os sinais de ultra-som que os transponders emitem. "O objetivo de nosso projeto é desenvolver uma versão simplificada do ROV, que possa funcionar de forma autônoma", afirma o pesquisador.
Câmaras de pressão e laboratórios da Petrobras serão utilizados para simular as condições a que a estrutura e os componentes do robô serão expostos no fundo do oceano. Em profundidades superiores a mil metros, a pressão ultrapassa 200 atmosferas. "Há várias técnicas para trabalhar no fundo do mar, lá é diferente daqui", explica Adamowski. "Se cabos elétricos ficam soltos, eles correm o risco de não suportar a pressão". Uma alternativa para este problema seria utilizar tubos plásticos preenchidos com óleo, por dentro do qual são passados os fios. Isso ajuda a equalizar a pressão exercida sobre os fios e evita que eles se rompam.