São Paulo (AUN - USP) - Quando cães machucam os olhos e há lesões nas córneas, realiza-se um enxerto para curá-los. No enxerto coloca-se um pedaço de membrana amniótica para recobrir o olho e impedir que ele vaze. Essa membrana é proveniente dos tecidos excretados no parto e pode ser conservada durante muitos dias na glicerina.

A pesquisadora Mirian Siliane Batista de Souza, da Faculdade de Medicina Veterinária da USP, iniciará pesquisa com outro produto destinado à conservação da membrana amniótica, assim como a glicerina. O nome desse produto não será revelado enquanto a pesquisa não for concluída. Ele será fornecido pelo Laboratório Ophthalmos e espera-se que sua eficácia seja maior que a da glicerina. A pesquisa deverá ser concluída em seis meses.

As operações de enxerto levam aproximadamente 30 minutos e em sete dias o tecido enxertado já está sendo incorporado pelo organismo do animal. São operações simples com quase 100% de sucesso. Esse novo produto pode fazer com que os resultados se tornem ainda melhores, diminuindo as infecções pós-operação, pois estas sim ocorrem com maior freqüência.

Mirian realizará sua pesquisa enxertando nos animais com olhos lesados membranas amnióticas conservadas na glicerina e no outro produto. Depois das operações ela seguirá observando os resultados e comparando a evolução dos cães em seus processos de recuperação.

Esta técnica de enxertar membrana amniótica em tecidos lesados (como as córneas, por exemplo) também é usada em humanos. Mas nos enxertos realizados em humanos, as membranas utilizadas devem ser examinadas antes, pois elas podem transmitir AIDS e também hepatite; por causa desses problemas, as membranas ficam em conserva durante muito tempo (aproximadamente seis meses). Atualmente o mais comum para conservar as membranas amnióticas que serão enxertadas nos humanos é utilizar a glicerina, talvez esta pesquisa transforme também o modo de conservar as membranas que são utilizadas em pessoas.