ISSN 2359-5191

25/05/2000 - Ano: 33 - Edição Nº: 07 - Saúde - Hospital das Clínicas
HC lança campanha para prevenção da Hanseníase

São Paulo (AUN - USP) - O Núcleo de Hanseníase do Hospital das Clínicas, ligado à Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), lança neste mês uma campanha de prevenção do mal de Hansen. Essa doença atinge mais de 11 milhões de pessoas no mundo e, a cada ano, surgem 800 mil novos casos. O Brasil é o segundo maior país do planeta em registro da hanseníase, sendo superado apenas pela Índia. A doença é vista como um problema de saúde pública pelos especialistas, pois cada doente pode contaminar outros cinco indivíduos. Pela Organização Mundial de Saúde, qualquer brasileiro pode ser um portador em potencial da doença.

No dia 13 de abril deste ano, cientistas do Instituto Pasteur (França) e do Centro Sanger (Inglaterra) decodificaram o genoma do bacilo de Hansen, bactéria causadora da hanseníase. A descoberta dessa seqüência genética vai permitir a criação de vacinas e de novos medicamentos mais eficazes contra a doença.

A hanseníase, muitas vezes confundida com certos tipos de câncer de pele, tem cura em qualquer estágio de evolução. Entretanto, no Brasil, o diagnóstico tardio tem sido o maior problema na recuperação total dos pacientes. Em 75% dos casos, as seqüelas já apareceram e, mesmo depois de erradicada a moléstia, elas permanecem em caráter definitivo. Por isso, além de incentivar a prevenção, a médica Leontina Margarido Marchese, orientadora do Núcleo de Hanseníase, defende uma campanha que visa ao diagnóstico precoce da moléstia, uma vez que a eficiência do tratamento depende principalmente da rapidez com que a enfermidade é descoberta. O diagnóstico tardio também torna o tratamento mais longo que, dependendo do estágio de desenvolvimento da doença, dura de seis meses a dois anos.

De acordo com a doutora Marchese, somente um terço dos brasileiros doentes recebem algum tipo de tratamento e muitos destes pacientes abandonam a terapia. "Quando o tratamento é interrompido, o bacilo de Hansen se torna resistente e os remédios usados habitualmente não funcionam", alerta. "O paciente que desenvolveu a bactéria resistente contaminará outros indivíduos com essa nova bactéria, obrigando o emprego de medicamentos mais fortes e caros", complementa. Outro problema que dificulta o controle da doença é o fato de, no Brasil, predominarem os doentes contagiantes, ou seja, aqueles que transmitem a doença principalmente por vias aéreas, por feridas na pele ou na mucosa.

Atualmente, além de tratar de cerca de 3 mil doentes registrados no HC, o núcleo acompanha pessoas que mantêm contatos domiciliares com esses pacientes. Essas pessoas são observadas durante cinco anos e, se desenvolverem a doença, rapidamente recebem o tratamento. Os medicamentos são subsidiados pelo Ministério da Saúde ou fornecido pelas ONGs.

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