São Paulo (AUN - USP) - O Laboratório de Sistemas Integráveis (LSI) da Escola Politécnica está pesquisando o desenvolvimento de plataformas de acesso para a implantação do sistema de televisão digital no país. Esse aparelho, semelhante à base de dados de um computador, deve ser capaz de receber sinais digitais e exibi-los em alta qualidade além de garantir a interatividade entre espectadores e conteúdos, acesso a Internet e a reprodução de áudio e vídeo digitais.
O LSI é responsável pela montagem de uma série de plataformas para multimídia interativas, uma “família” de set up boxes, como são chamados os aparelhos. Para a televisão digital especificamente, estão sendo feitas pesquisas com componentes microeletrônicos para a produção de chips responsáveis pela recepção e reprodução de conteúdos digitais.
Segundo o professor Régis Rossi Alves Faria, do LSI, em cerca de um ano e meio o Brasil já deve apresentar um conjunto de definições do padrão de transmissão e interatividade a ser adotado no país. Com base nesse padrão, o LSI deve lançar um protótipo de set up box que receba os sinais digitais, decodifique e exiba seu conteúdo e também garanta a interação do público com as informações disponibilizadas.
Até o momento foram testados três protótipos, o último contém saídas de áudio, vídeo, acesso a Internet e recepção de TV aberta. Um quarto protótipo está sendo montado e segundo Faria, deverá ter o dobro da capacidade de processamento e rodará aplicações em tempo real com mais qualidade.
“Nós estamos a caminho do desenvolvimento de uma plataforma que atenda as necessidades de um set up box de televisão digital. Com possibilidade de interação, acesso a redes de comunicação, canais de retorno, recepção e exibição do material multimídia com alta qualidade em alta resolução” afirma ele.
Há um ano atrás os pesquisadores de tecnologia digital aplicada à televisão no Brasil estudavam o melhor padrão, dentre os já existentes, a ser adotado no País. Hoje a perspectiva de desenvolvimento de um novo padrão, mais adequado à realidade brasileira está sendo estimulada pelo governo, preocupado com a dependência tecnológica e com a inclusão digital. O modelo brasileiro, diferentemente do americano, japonês e europeu, deve focar-se na televisão aberta, que alcança cerca de 90% dos brasileiros que vivem em áreas urbanas.
Para discutir a questão com mais profundidade foi criada uma comissão interministerial, ligada ao ministério da Casa Civil. A verba destinada ao projeto brasileiro deve ser gerida pelo Funttel (Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico da Telecomunicação) e pelo CPqD (Centro de pesquisa e desenvolvimento de pesquisas em telecomunicações).
De acordo com a professora Graça Bressan, do Laboratório de Arquitetura de Redes Computacionais (LARC) da Poli, diversos grupos em todo país estão empenhados na pesquisa da implantação da TV digital. Cada grupo se concentra em uma parte do processo, desde a composição de sistemas e módulos internos, até a transmissão, decodificação e recepção das informações. Segundo as perspectivas do governo, a generalização da televisão digital deverá ocorrer até 2010.