ISSN 2359-5191

28/09/2011 - Ano: 44 - Edição Nº: 91 - Saúde - Faculdade de Saúde Pública
Ácido fólico pode ajudar na prevenção do câncer de pulmão

São Paulo (AUN - USP) - Brócolis, espinafre, fígado e laranja. Todos esses alimentos são ricos em ácido fólico, um tipo de vitamina que, segundo estudo da Faculdade de Saúde Pública da USP (FSP), pode diminuir o risco de câncer de pulmão. Foi descoberto que o ácido atua diretamente no DNA humano e pode colaborar, de maneira indireta, para processos celulares que dificultam o surgimento do tumor.

O estudo utiliza um novo método, aplicado através de modelos matemáticos, que permite entender como diversos fatores simultâneos associados ao consumo da vitamina podem influenciar no risco do câncer. Nos estudos anteriores, os fatores eram analisados mais isoladamente, o que não permitia entender determinados efeitos indiretos do ácido fólico, essenciais para investigar o seu papel na prevenção da doença.

A pesquisadora Valéria Baltar, doutora em epidemiologia da FSP e responsável pelo estudo, ressalta que, ainda, o fumo é o principal fator de risco para o câncer de pulmão. Mas existe um risco para não fumantes, ocasionado por fatores como poluição e condição genética, e que pode ser diminuído através do consumo do ácido fólico e de outras vitaminas do complexo B. O mesmo vale para os fumantes: o risco pode ser diminuído também para eles, o que não significa, evidentemente, que o consumo desses alimentos compense o alto risco de fumar.

No caso do cigarro, os efeitos são inúmeros para o risco de câncer, e a compreensão de todos eles é bastante complicada. Com o emprego da nova metodologia — chamada de "equações estruturais" — é possível entender com mais profundidade todos esses fatores, e como eles ocorrem de maneira simultânea. Os efeitos do cigarro no organismo, em alguns casos, são mais indiretos, e isso não podia ser bem visualizado pelos métodos anteriores. O cigarro, além dos riscos diretos, pode também prejudicar a absorção de determinados nutrientes que seriam fundamentais para a diminuição do risco da doença, por exemplo.

A pesquisadora, no entanto, ressalta a importância de se consumir o ácido fólico e as demais vitaminas do complexo B através da alimentação normal e não por suplementos. "Estamos falando de uma alimentação mais adequada no decorrer de toda uma vida", explica Valéria. Uma alimentação balanceada em todos os aspectos, rica em verduras e legumes, e com quantidades moderadas de carne, é ainda o recomendado.

O ácido fólico tem efeitos importantes na integridade do DNA e já é usado largamente por gestantes, para a prevenção de má formação do tubo neural. A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) estabelece desde 2002 que as farinhas de trigo e de milho devem contem a substância na sua composição.

Nutrigenômica
Apesar da importância das mudanças nos genes para que a evolução dos seres vivos ocorra, é em algumas dessas alterações que o câncer pode acontecer. As diferentes "especializações" das células são feitas através de um processo regulado cuidadosamente pelo nosso DNA. O câncer surge a partir de momento em que há um descontrole nesse processo, e a célula cresce e se replica indevidamente. As relações entre as alterações no DNA, que tiram a célula "dos trilhos", e a alimentação, é o objeto de estudo da "nutrigenômica".

O campo da nutrigenômica é novo e estuda não só a influência que a alimentação pode ter no funcionamento do DNA, como também a influência que as características genéticas do indivíduo terá na reação a determinado tipo de alimento. Estudos nessa área são fundamentais, na medida em que o câncer começa a partir de um desequilíbrio genético, causado tanto por fatores ambientais (como a exposição ao tabaco, no caso do câncer de pulmão), como pela alimentação e qualidade de vida.

A exposição ao tabaco, seja por consumo direto ou por contato com sua fumaça, é reconhecida pela comunidade científica como uma das principais causas para o surgimento do câncer de pulmão. Os novos estudos tentam entender como a alimentação também pode influenciar no surgimento desses e de outros cânceres, um campo que ainda não é muito compreendido. A pesquisa da FSP vem nessa linha de tentar desvendar as relações entre nutrientes e genética, até mesmo para orientar políticas públicas adequadas aos grupos com maiores riscos de desenvolver as doenças.

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