São Paulo (AUN - USP) - Consolidar vínculos entre arte e educação é preocupação de longa data dentro do Museu de Arte Contemporânea. Está prevista para o primeiro semestre de 2004 a criação de um curso de extensão na área de educação infantil, que propõe atender professores das redes pública e particular. A iniciativa parte da Divisão de Ensino e Ação Educativa do MAC, que já desenvolve há doze anos um projeto que busca estabelecer a arte como eixo do currículo no início da formação escolar. Coordenado pela professora Maria Angela Serri Francoio, o Projeto MEL (Museu, Educação e o Lúdico) atenta para a importância da interdisciplinaridade muito antes de o termo entrar em voga.
Hoje focado na formação dos professores, visando possibilitar a continuidade do trabalho iniciado no museu, o projeto foi o pioneiro do núcleo a familiarizar as crianças com o ambiente das artes plásticas. Seu propósito inicial era criar o gosto pela visita ao museu através da associação das obras com jogos infantis. Entretanto, também se propunha que a arte fosse um ponto de partida para a discussão de valores sociais, fisiológicos e raciais. A professora dá o exemplo de quando os profissionais produziram os alunos à semelhança das imagens do retrato de Zulmira de Lasar Segall, por exemplo, ou do auto-retrato de Antônio Gomide.
O projeto atende escolas públicas e particulares, de ensino infantil e fundamental, e consegue abranger, além da formação pessoal da criança através da arte, temas relacionados à história, geografia, biologia e literatura. Com base na mostra “Ciranda de Formas: Bichos”, realizada entre 1999 e março de 2002, a curadoria selecionou uma obra de Krajcberg, artista polonês radicado no Brasil, muito conhecido por sua inquietação com a devastação da natureza. Uma pintura do começo de sua carreira, retratando peixes mortos; nesse momento o MAC realizava uma parceria com uma EMEI (Escola Municipal de Ensino Infantil), da qual a maioria dos alunos morava nas proximidades de um córrego, e buscava educá-los para a não poluição de seus recursos.
Um estudo do pintor Benedit, datada da década de 70, sobre um “besouro-robô”, serviu como ponto de partida para a discussão dos clones. “As crianças deveriam se questionar sobre o porquê de o pintor querer criar um besouro-robô”, explica Maria Angela. O método didático da professora parte da “pedagogia da pergunta” do pensador Paulo Freire.
Atualmente, com o apoio do Núcleo da Ação Educativa (NAE) da Prefeitura de São Paulo, o Projeto MEL funciona principalmente através de parcerias com as escolas. A instituição interessada deve procurar a coordenadoria de educação do MAC. Maiores informações no telefone (11) 3091-3021, ou pelo endereço maserri@usp.br.