ISSN 2359-5191

18/10/2011 - Ano: 44 - Edição Nº: 100 - Educação - Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade
Preparação para o mercado de trabalho deve começar na escola, defende pesquisadora

São Paulo (AUN - USP) - Nos últimos 10 anos, fatores como o aumento da escolaridade média têm tornado o mercado de trabalho nacional cada vez mais competitivo e exigente. Segundo informações do IBGE, a população economicamente ativa (PEA) com mais de 11 anos de estudos cresceu aproximadamente 69% desde 2002, ano de início da Pesquisa Mensal de Emprego. Entretanto, setores econômicos, especialmente os industriais, ainda sofrem para encontrar profissionais capacitados. Hoje, além da formação acadêmica, o peso da contratação de um profissional recai em suas habilidades emocionais e sociais.

É por isso que a pesquisadora argentina Marina Bassi, do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), acredita que é essencial aprimorar as habilidades socioemocionais, como comprometimento, trabalho em grupo e proatividade, sobretudo para jovens a procura de seu primeiro emprego. Para isso, defende que a preparação do jovem para o mercado de trabalho comece já na escola. “As escolas não estão treinando ou focando suas atividades nessas habilidades emocionais, priorizando somente as cognitivas. Elas não sabem como lidar com isso, é preciso chamar a atenção para essa deficiência”, declara.

Marina Bassi veio ao Brasil para expor estas questões na Faculdade de Administração, Economia e Contabilidade da USP (FEA), em palestra realizada no último dia 10. Seus estudos, centrados na América Latina, apontam que os estudantes do ensino médio da Região possuem grandes deficiências em habilidades cognitivas, que envolvem os processos de aprendizagem e de aquisição do conhecimento. Mas o problema é ainda maior no campo das habilidades socioemocionais. Atualmente, os jovens possuem um nível de educação mais elevado, mas essa melhora não se reflete no mercado de trabalho, já que as taxas de desempregos se mantêm em patamares elevados historicamente, os salários estão estagnados e a informalidade continua crescendo.

A rigidez das legislações e instituições e um movimento natural do mercado são comumente apontados como os responsáveis por esta conjuntura. Mas, para a pesquisadora, o problema claramente reside na falta de preparação dos jovens. “Eles entram no mercado de trabalho sem saber responder a um chefe ou como se portar diante de uma rotina cansativa de atividades”, comenta.

Corroboram esse quadro os resultados obtidos com a Employers’ Survey of Mandatory Skills – pesquisa de mercado de trabalho criada pelo BID, contemplando as áreas de varejo, turismo, sistema bancário, setor automotivo e indústria alimentícia. Empregadores de três países latino-americanos (Argentina, Chile e Brasil) reportaram que, na hora da contratação, costumam valorizar quase duas vezes mais qualidade socioemocionais do que as cognitivas. Quando se trata de competências específicas para cada área, o valor aumenta: o emocional conta quatro vezes mais. Porém, declararam que valores como comprometimento, integridade e responsabilidade são mais difíceis de se achar entre os candidatos. Além disso, ficou constatado que empregadores que valorizam mais essas qualidades sociais e emocionais são os que pagam salários mais altos para seus funcionários mais jovens.

Para resolver a situação, Marina Bassi não propõe que escolas e universidades sejam um centro de treinamento para o mercado de trabalho. Ela sugere que sejam incorporados novos métodos pedagógicos que integrem o contéudo escolar às competências exigidas pelo mercado, como espírito de liderança, pró-atividade e senso de grupo. Ao enfatizando que as habilidades cognitivas e emocionais não são correlatas, a pesquisadora conclui que as escolas deveriam se empenhar em desenvolver ambas competências em seus alunos, uma vez que as duas se mostram igualmente importantes para a formação de uma futura carreira.

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