ISSN 2359-5191

19/10/2011 - Ano: 44 - Edição Nº: 101 - Meio Ambiente - Instituto de Ciências Biomédicas
Comunicação científica é fundamental para reduzir danos de emergências ambientais

São Paulo (AUN - USP) - A comunicação científica, quando bem feita, pode salvar vidas. No que se refere a desastres ambientais, ela é fundamental tanto para ensinar a população como reagir em tais situações e quanto em um trabalho de conscientização sobre as causas desse tipo de acontecimento tão prejudicial para um país.

Esse foi o tema da palestra Comunicação pública e emergências ambientais, ocorrida no terceiro dia do Simpósio Brasil – Índia: Construindo Redes de Conhecimento, que foi realizado na USP até a última quinta-feira, dia 20 de outubro. Como os dois países fazem parte do chamado “mundo tropical”, a troca de conhecimentos nesse assunto é muito importante. Apesar de a Índia ter de lidar com algumas emergências ambientais não freqüentes no Brasil, como os tsunamis, ambos têm as inundações como uma das preocupações principais. O problema se agrava no verão, devido à concentração de chuvas nessa época, como explica o professor Jurandyr Ross, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP.

Para reduzir os danos causados pelas emergências ambientais, é essencial que a população saiba a maneira correta de agir em cada uma delas. “Temos que ter um currículo para educar as pessoas desde a infância até a idade adulta, porque assim elas vão saber como lidar com isso quando a situação surge”, diz Pramod Verma, conselheiro científico ligado ao governo do estado indiano de Madhya Pradesh. “Então tem que haver um sistema de comunicação antes da emergência”.

A comunicação com os cidadãos também precisa ser mantida durante a emergência. Todos os meios de comunicação são mobilizados: mídia impressa, panfletos, anúncios, rádio, TV. Mas é comum que durante a ocorrência, a comunicação fique prejudicada. Pode faltar energia elétrica, por exemplo – daí a importância de uma educação prévia e contínua.

Para auxiliar na comunicação em situações adversas, a Índia conta com um sistema de voluntários, que se comunicam diretamente com as pessoas quando surge uma emergência, explicando a elas como proceder. “Temos também o estágio da pós-emergência, durante o qual analisamos o que aprendemos com a emergência, o que devíamos ter feito para salvar mais vidas”, completa Pramod.

Conceitos errados
Além de toda a questão governamental, a comunicação científica tem seu papel a cumprir em relação às situações emergenciais. “As pessoas tem que saber como a emergência começa”, afirma Pramod. Cabe aos escritores de ciência desmistificar os conceitos errados, difundidos principalmente pela imprensa, bem como um papel de conscientização. “Os desastres ou as emergências normalmente são divididas em duas partes, naturais e feitas pelo homem. Mas os desastres naturais não são apenas naturais, todas as emergências, todos os desastres têm a mão da ação do homem em sua causa”, defende Sandeep Goyal, membro do Conselho de Ciência e Tecnologia de Madhya Pradesh.

Os problemas da mídia foram consenso entre os palestrantes, o que demonstra, em primeiro lugar, que a questão não é nacional. Além de ser considerada a principal transmissora de conceitos errados sobre as emergências, a mídia também foi apontada como responsável por omitir informações essenciais – às vezes estrategicamente. Para a professora Emico Okuno, do Instituto de Física (IF) da USP, a falta de espaço na mídia direcionada aos cientistas colabora para essa situação. “Nos não somos jornalistas e, não sendo jornalistas, mesmo que a gente queira sair falando, vamos falar para quem e como? A gente só fala quando é chamado para entrevista, mas mesmo assim você fala três horas e aparece por dez segundos, de um modo que no contexto geral está totalmente diferente do que você gostaria de falar”, lamenta.

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