ISSN 2359-5191

24/10/2011 - Ano: 44 - Edição Nº: 103 - Sociedade - Instituto de Estudos Avançados
Eficiência da cobertura da mídia brasileira voltada ao idoso é questionada no IEA

São Paulo (AUN - USP) - O crescimento da população idosa no Brasil não está sendo acompanhado pela imprensa, segundo médicos, professores e jornalistas. Isso é o que foi abordado na mesa redonda “O idoso na imprensa”. Parte do ciclo que debate a questão do idoso no país (Idosos do Brasil: estado da arte e desafios), do grupo de pesquisa Mais (Modelo de Atenção Integral à Saúde), o evento ocorreu no dia 18 de, no Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP. Teve como proposta, bem como os outros dentro do ciclo, “construir uma agenda voltada à melhoria da qualidade de vida dos idosos”, nesse caso, por meio da informação.

A ocasião contou com plateia diversa, composta principalmente de idosos, jornalistas e estudantes, e teve como divisão três subtemas: “O desafio das pautas e das fontes”, “A importância da abordagem qualificada” e “Reproposta: a experiência inédita de um jornal feito por idosos”.

Para falar sobre a questão das pautas e fontes, esteve presente Fabiane Leite, produtora do programa Bem Estar, na rede Globo. A jornalista afirma que “ainda hoje, os jornalistas de saúde têm um enfoque pouco diverso sobre os idosos”, e acredita que os espectadores devem ser escutados a respeito das pautas a serem abordadas. Para ela, existe uma batalha diária para encontrar temas e tornar pautas práticas, utilizando linguagem inteligível, apesar de cada veículo ter direito de escolher um enfoque.

Outro desafio, segundo Fabiane, é o de atender os idosos que estão fora do “padrão”, como os que “querem trabalhar em vez de ir para o baile”. Esse número de leitores e espectadores aumenta conforme a população envelhece, e isso não deve ser ignorado pela mídia. Afinal de contas, segundo David Braga, médico e coordenador do grupo Mais, “o Brasil vai ser um dos países com a maior população idosa do mundo”.

O médico, professor e jornalista Julio Abramczyk também tratou sobre o assunto do crescimento da população idosa em sua parcela da palestra, focada principalmente na forma como o jornalismo deve abordar temas voltados a essa população. Ele afirma que na década de 60 era claro o domínio de crianças e temas voltados à saúde infantil na mídia como um todo. Segundo ele, conforme a pirâmide etária se modifica, esse enfoque fica menos notável, mas a velocidade de ambos não é compatível: a mídia está demorando mais para falar de idosos do que a nova realidade brasileira demanda.

Sobre os assuntos a serem tratados, Abramczyk falou sobre o problema da pauta única: “a imprensa fala do idoso geralmente quando diz respeito a doenças, mas é importante focar em outros assuntos”. Para ele, um idoso precisa de informações de todas as áreas. Em economia, por exemplo, é relevante ensinar à terceira idade como administrar um dinheiro que não será facilmente recuperável no futuro caso perdido por algum motivo.

O terceiro palestrante, Manuel Carlos Chaparro, contou a experiência desenvolvida na Universidade de São Paulo a partir de 1997 de um jornal desenvolvido “pela terceira idade para todas as idades”. O veículo foi chamado de Reproposta, porque “na terceira idade as propostas de vida já acabaram”, seria preciso criar uma ‘reproposta’ para os idosos interessados em outra nova forma de vida.

Alguns dos presentes na palestra eram idosos “veteranos” desse jornal, que durou sete anos antes de ser extinto “por motivos de mau entendimento”, segundo o professor. Eles falaram, não sem certa nostalgia, sobre a época em que se dedicavam a isso e como o projeto mudou muitas vidas, em diversos sentidos.

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