São Paulo (AUN - USP) - Quantas espécies de aranhas existem na cidade de São Paulo? O que pensam as pessoas que criam aranhas como animais de estimação? Estas e outras questões serão discutidas entre 7 e 12 de dezembro, no IV Encontro de Aracnólogos do Cone Sul. O evento, que acontece na cidade de São Pedro e promete número recorde de 200 participantes, está sendo organizado por professores de Biologia do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (IB – USP) e da Unicamp.
O público esperado é composto principalmente por profissionais da área de zoologia com interesse em aracnídeos e estudantes de graduação e pós-graduação em Biologia. Participantes da Argentina, Uruguai e outros países da América do Sul também comparecerão, e convidados da Alemanha, Estados Unidos e México farão parte do grupo de palestrantes e debatedores.
Entre os destaques no encontro, está o trabalho Comparação da diversidade de aranhas de solo de três áreas de mata da cidade de São Paulo, onde será apresentado o resultado de estudo de campo feito em jardins de casas da cidade, parques e outras áreas, onde cerca de cem espécies diferentes de aranhas foram encontradas. Em comparação, no Parque da Cantareira – área florestal –, existem cerca de 350 espécies.
Segundo Ricardo Pinto da Rocha, professor do Departamento de Zoologia do IB e um dos organizadores do evento, apresentação deste trabalho no Encontro será bastante esclarecedora, pois “até pouco tempo, os pesquisadores não se preocupava, com o número de espécies existentes nas cidades”.
Outra palestra será ministrada por Bernard Hüber, do Instituto para Pesquisa de Diversidade Terrestre, da Alemanha. Com o título Genitalia de aranhas: o que sabemos e o que gostaríamos de saber, ele explicará mais sobre o fator principal de definição e diferenciação de espécies: os órgãos sexuais. Ricardo Rocha afirma que o processo de copulação entre aranhas é o mesmo, mas que os órgãos sexuais são diferentes de acordo com as espécies: uns mais complexos e outros mais simples. O pesquisador alemão relatará as descobertas sobre estes órgãos e o que ainda é preciso saber para que dois tipos de aranhas não sejam confundidas como uma única espécie.
Mas não são só as aranhas que serão discutidas no encontro. Escorpiões e opiliões – uma ordem comum, mas pouco conhecida dos aracnídeos – também serão foco de apresentações e palestras. A tecnologia a serviço da pesquisa é outro destaque. O Ethoseq, uma ferramenta de computador capaz de auxiliar análises filogenéticas (estudo de parentesco entre as espécies), será apresentado por Hilton F. Japyassú, do Instituto Butantan de São Paulo.
As inscrições para o Encontro estão abertas e podem ser feitas através do site http://www.ib.unicamp.br/aracnideo/. Para mais informações, basta consultar o site ou entrar em contato pelo telefone 3091-7614 (Prof. Ricardo Rocha).
Histórico
Segundo Ricardo Pinto da Rocha, um dos organizadores do evento, a idéia de um encontro de aracnólogos da América do Sul surgiu a partir de um encontro informal de aracnólogos brasileiros, onde cada um enviava um resumo e o apresentava ao grupo. Em 1997, inspirados por um destes encontros, ocorrido no ano anterior, especialistas do Uruguai decidiram organizar um encontro em Montevidéu que abrangesse o Cone Sul, também motivamos pelo próprio Mercosul.
Foi a primeira edição do encontro como é hoje. O evento seguinte, em 1999, aconteceu em Porto Alegre e, em 2002, a terceira edição foi em Córdoba, na Argentina.
Em uma tentativa de acelerar o processo de publicação dos anais do encontro, uma revista virtual – a Biota Neotropica (http://www.biotaneotropica.org.br/v3n1/pt) foi escolhida para publicar os trabalhos apresentados em São Pedro. De acordo com a comissão organizadora, essa escolha visa à diminuição de custos com a publicação dos trabalhos, além de aumentar a qualidade visual destes e facilitar seu acesso por pesquisadores brasileiros e estrangeiros. Porém, Ricardo afirma que um livreto com todos os resumos dos trabalhos será entregue aos participantes durante o próprio evento.