São Paulo (AUN - USP) - Um grupo de alunos do terceiro ano da FAU está desenvolvendo projeto de requalificação de um edifício ocupado na rua Sólon, no Bom Retiro. Coordenado pela professora Maria Ruth de Sampaio, da disciplina Habitação Popular Pulistana, o projeto começou com o estudo de cortiços, em que os estudantes deveriam fazer um levantamento das condições sócio-econômicas dos moradores e físico-espacial da unidade, além da maneira como o prédio foi ocupado.
O projeto é destinado à terminar e requalificar o imóvel de oito andares, em conjunto com professores, estudantes de várias áreas e os moradores do local. De acordo com André Lopes, um dos alunos envolvidos, “o projeto é uma forma de não manter o estudo da arquitetura fechado na Universidade”. Segundo ele, as etapas do programa serão apresentadas e discutidas com os ocupantes e serão pautadas pela integração e pela participação.
No próximo dia 13 de dezembro os participantes comporão quatro grupos flexíveis de atuação. O da comunicação acompanhará o desenvolvimento de todos os outros fazendo a documentação de seu desenvolvimento.O de arquitetura e engenharia, que irá definir as plantas e usos do prédio (a garagem como moradia, por exemplo, é insalubre, mas pode ser usada para outros fins), analisar vantagens e desvantagens de materiais para a reforma, as condições de elétricas e hidráulicas. O social, que irá cuidar de questões como deslocamento de idosos, problemas com drogas; e financeiro.
O cortiço da rua Sólon passa por dois processos judiciais. Um deles resultou numa ação de despejo pela Prefeitura, suspensa no momento, em que um laudo do IPT(Instituto de Pesquisas Tecnológicas) detectou todos os problemas do edifício: desde risco de incêndio até de desabamento. O outro é de uso capião, para as famílias que vivem aí há mais de cinco anos. A Prefeitura deu sinais de que será possível a obtenção de um financiamento pela Caixa Econômica.
Um cortiço é, de maneira geral, uma moradia coletiva familiar com circulação e infra-estrutura precárias e, principalmente, que apresenta superlotação de moradores. Essa forma de habitação existe na cidade de São Paulo desde o início do século XX, especialmente em áreas onde é maior o processo de degradação do espaço urbano, como no centro da cidade. Freqüentemente, o cortiço se verticalizou e passou a ocupar prédios vagos na área central de São Paulo. Um exemplo disso é o prédio da rua Sólon. Sua construção começou no final da década de 70, mas foi interrompida por duas vezes, até que, em 1985, se iniciou o processo de invasão. Os moradores se encarregaram de finalizar de forma muito precária o que havia sido abandonado: toda a parte de vedação, fiação elétrica, instalações hidráulicas, além de paredes que foram construídas e divisões internas dos andares. Hoje em dia, há 42 famílias vivendo no edifício e a maior parte vem de outros estados, principalmente do nordeste.
O projeto está aberto a todos que se interessarem e podem fazer suas inscrições até cinco de dezembro no LabFAU e o email do projeto é corticovivo@yahoo.com.br.